O ministro dos Negócios Estrangeiros, que respondia a perguntas dos jornalistas sobre a exclusão de Portugal da lista britânica de destinos turísticos seguros anunciada na sexta-feira, assegurou que o Governo está "a trabalhar em soluções" e "a todos os níveis".
Augusto Santos Silva, que falava à margem de uma conferência na Assembleia da República sobre 'O impacto estratégico da pandemia de covid-19 no ambiente internacional', fez questão de rebater as críticas que lhe foram feitas por ter reagido, na sexta-feira - quando considerou a decisão de Londres "absurda", "errada" e "desapontante" -, afirmando "que a ninguém parecerá estranho que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal se bata pelos interesses de Portugal".
"É que é mesmo isso que eu jurei fazer quando tomei posse", disse.
Questionado sobre a situação dos Açores e da Madeira, que ao contrário do restante território continental, Londres considerou destinos seguros, mas que, apesar disso, continua a impor a estes viajantes provenientes dos arquipélagos uma quarentena no regresso ao Reino Unido, Santos Silva considerou que "não faz sentido" primeiro que "as autoridades britânicas considerem os destinos Madeira e Açores seguros" e depois "não retirem a consequência que nos parece lógica".
Sobre formas de contornar as limitações impostas aos britânicos que queiram visitar o território continental português, fazendo por exemplo parte da viagem por automóvel, o ministro frisou que "o Estado não se substitui às decisões dos cidadãos", mas admitiu que as restrições acabam por ser pouco efetivas.
"Nós não somos partidários de que medidas como a quarentena sejam medidas efetivas, por razões que aliás são simples e lógicas. Basta pensar que hoje quem fosse diretamente do aeroporto de Lisboa para o aeroporto de Londres seria sujeito a um dever de auto-isolamento à chegada, mas se fizesse escala noutro aeroporto europeu deixaria de ter esse dever", explicou.
"Portanto estas medidas têm impacto relativamente limitado designadamente em comparação com as medidas que nos parecem ter, essas sim, impacto: as regras de etiqueta respiratória, as regras de distância social, as regras de proteção pessoal e dos outros em circunstâncias em que essa distância social é mais difícil", exemplificou.
O ministro frisou contudo que prossegue o trabalho com as autoridades britânicas, para que tenham "toda a informação indispensável para que possam rever as suas decisões".
Esse trabalho assenta, insistiu, na "necessidade de avaliar a situação epidemiológica com base nos indicadores disponíveis que permitem ter um retrato dessa situação, e não apenas com base num único indicador", mas também em compreender "as preocupações das autoridades britânicas e ver como lhes responder".
"E é nisso que estamos a trabalhar e esperamos continuar a trabalhar", disse.
"Confiamos na capacidade de decisão britânica, confiamos na transparência da informação que fornecemos e na credibilidade da informação (...) Acreditamos nas razões que nos assistem e também acreditamos que todos seremos humildes no enfrentamento da pandemia", disse.