Em declarações aos jornalistas, no final da décima reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que "se seguirão um estudo a cinco meses e sucessivos estudos de três em três meses".
"Também foi dado conta de um estudo epidemiológico que levará mais longe o aprofundamento da comparação da situação socioeconómica e de atividades socioeconómicas entre as várias regiões", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que estes são "dois estudos muito importantes, o de saber qual é o grau de imunização da sociedade portuguesa e o de ir mais longe na análise da realidade epidemiológica, que estão em curso".
O chefe de Estado referiu que o indicador de transmissão do novo coronavírus baixou e "o R nacional encontra-se em 0,8, no último cálculo, e na região de Lisboa e Vale do Tejo em 0,7". A Presidência da República esclareceu posteriormente que os números corretos são um R de 0,98 no conjunto do país e de 0,97 na região de Lisboa.
"Olhando para os últimos dias o que foi dito é que há uma estabilização e uma tendência, embora ligeira, de aparente descida, porventura fruto das medidas tomadas, sendo embora muito cedo para fazer uma avaliação definitiva", relatou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República frisou a mensagem de que se "passou do plano macro para o plano micro" na resposta à covid-19 e se está agora numa fase "preocupação crescente com a intervenção no terreno", feita "de forma localizada e específica", em Portugal, como noutros países.
"Noutros países, chega-se a fábricas, a ruas, a quarteirões, a bairros, chega-se a formas de intervenção muito micro, e em que naturalmente os responsáveis políticos e administrativos e autoridades sanitárias estarão mais presentes ainda no terreno", apontou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, "a região de Lisboa e Vale do Tejo mereceu uma atenção particular" nesta sessão e os especialistas consideraram "que a coabitação é o fator mais importante em termos de explicação causal dos surtos surgidos, logo seguida da convivência social, que tem vindo a ganhar importância".
Quanto à capacidade de internamento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o chefe de Estado disse que "há dados interessantes, como seja que o tempo mediano de internamento está hoje entre os 10 e 11 dias no internamento geral e os 17 e os 19 dias nos cuidados intensivos".
Perante estes dados, "para um cenário que se pode considerar relativamente pessimista de 388 casos diários novos, haveria um número de internados em média de 39, e um cálculo de total de 607 em internamento global e 91 cuidados intensivos", prosseguiu.
"Isto é, bem dentro da capacidade global do SNS", concluiu o Presidente da República.
Em Portugal, os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus foram confirmados no dia 02 de março e até agora morreram 1.629 pessoas num total de 44.416 contabilizadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).