DGS rejeita cerca sanitária. Surto em Reguengos "está circunscrito"
A Direção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde realizaram a já habitual conferência de imprensa relativa à evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal.
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País Covid-19
Na conferência de imprensa desta quarta-feira, que contou com a presença do presidente do INFARMED, Rui Santos Ivo, a diretora-geral de Saúde confirmou que "foi detetado um foco [no Hospital de São José, em Lisboa]. Estão a ser feitos testes e sabemos já que foram retirados os doentes das áreas afetadas".
"Profissionais de saúde e os doentes envolvidos vão fazer testes", sendo que, vincou Graça Freitas, "neste momento, ainda é precoce dizer o número de casos".
A Organização Mundial de Saúde (OMS) admitiu haver provas de que o novo coronavírus se transmite pelo ar e recomendou medidas como evitar espaços fechados e o uso de máscara nesses locais. E hoje, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no final da última reunião no Infarmed, indicou que foi apresentado um estudo "que parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário" e o surto pandémico na região de Lisboa. Confrontada com estas 'novidades' e questionada sobre se está aqui patente uma contradição, a diretora-geral de Saúde esclareceu.
"A OMS recebeu um documento de vários cientistas relativamente à transmissão aérea" e "não rejeita essa hipótese", disse, lembrando que "isso foi sendo falado ao longo dos tempos, resta saber a dimensão dessa transmissão aérea. Ou seja, se as pequenas partículas ficam em suspensão no ar mais tempo do que as grandes partículas que se depositam".
Já em relação ao estudo mencionado pelo chefe de Estado, Graça Freitas referiu que se trata apenas disso mesmo, "de um estudo que relacionou linhas de comboio na grande Lisboa e o número de casos dessas freguesias. É um estudo, tem o significado que tem e carece de outros estudos. É apenas um indício daquelas circunstâncias especiais nesta observação. Não são contraditórios, são estudos que partiram de bases diferentes".
Cerca sanitária em Reguengos de Monsaraz?
A diretora-geral da Saúde foi também questionada sobre a pertinência de ser aplicada uma cerca sanitária em Reguengos de Monsaraz, onde há um foco do novo coronavírus que já matou 15 pessoas.
Rejeitando, para já a ideia, Graças Freitas explicou que o surto na região "está circunscrito, está a ser acompanhado, e não há motivos para que as medidas extravasem aquelas" que foram adotadas "para conter a doença onde está localizada".
Além disso, clarificou, o significado "das cercas sanitárias tem um sentido diferente daquele que se começou a falar no início". Inicialmente, "as cercas foram encaradas como isolando regiões inteiras. À medida da evolução da pandemia, têm-se feito atuações mais cirúrgicas, muito mais viradas para o nível micro", e direcionadas para "as áreas afetadas".
O que se faz, atualmente é aplicar "medidas de contenção à volta dos focos, mas que não carecem da interrupção de uma área territorial grande. Para que isso aconteça, têm de estar reunidas circunstâncias, o que não é o caso do que se passa em nenhuma das regiões", rematou.
Criado novo grupo de trabalho
Na área do medicamento, o Ministério da Saúde implementou, na sequência da pandemia, "regimes de dispensa de medicamentos hospitalares que facilitaram a vida dos doentes". Com efeito, nos "meses de recolhimento, foi possível servir 152.061 utentes".
Como referiu a secretária de Estado Jamila Madeira, com o objetivo de melhorar essa prática, foi tida em "conta a experiência adquirida" e matéria trabalhada noutros países, tendo a tutela decidido "criar um grupo de trabalho, liderado pelo Infarmed, que vai apresentar uma proposta a respeito de uma eventual transferência de medicamentos com prova de eficácia e segurança e já com genéricos comercializados para potencial autorização da dispensa em farmácia hospitalar para dispensa em farmácia comunitária e produzir resultados em 60 dias".
A esta informação, o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, acrescentou que há um "conjunto de medicamentos dispensados na farmácia hospitalar por duas razões", designadamente pela "segurança dos medicamentos" e pela "necessidade de racionalizar os custos destes medicamentos". Falamos, neste âmbito, de "medicamentos para o HIV, a esclerose múltipla, as doenças oncológicas e na área da transplantação".
Acrescentou ainda o responsável que "a própria mobilidade dos doentes no seio do SNS levou a procurar formas de facilitar o acesso do medicamento ao doente". Com efeito, "têm sido desenvolvidas iniciativas pelos hospitais, que procuram que o medicamento possa chegar ao doente de forma mais cómoda", sem que a segurança e a qualidade sejam colocadas em causa.
Neste sentido, no contexto da pandemia, "impôs-se tomar medidas específicas e foi necessário definir orientações", sendo que foram adotadas diversas medidas, entre as quais "opções de marcação prévia, entrega ao domicílio ou local de preferência do doente. Em dois meses, em 150 mil doentes identificados, houve mais de 30 mil que tiveram acesso ao medicamento no domicílio ou no local da sua eleição".
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