Médicos acusam Hospital de Évora de "pretender impor lei da rolha"

Sindicato dos Médicos da Zona Sul denuncia que o Hospital de Évora proíbe que os trabalhadores forneçam informações "que não sejam previamente autorizadas pelo Conselho de Administração". Uma ação que os médicos consideram "intolerável" e "inadmissível".

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Melissa Lopes
10/07/2020 08:37 ‧ 10/07/2020 por Melissa Lopes

País

Covid-19

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul denuncia esta sexta-feira aquilo que refere ser como uma tentativa de impor a lei da rolha no Hospital de Évora, situação que vem aumentar o descontentamento dos médicos que têm manifestado desagrado pelas decisões relacionadas com a gestão dos clínicos em época de Covid-19. 

"O Conselho de Administração (CA) do Hospital de Évora pretende impor a lei da rolha, já tentada em 2014, pelo Ministério da Saúde de Paulo Macedo", aponta o sindicato em comunicado, dando conta de uma circular interna em que  o CA proíbe que os trabalhadores forneçam informações que "não sejam previamente autorizadas pelo Conselho de Administração".

O SMZS lembra o CA do Hospital de Évora que a lei da rolha mereceu, em 2014, uma "grande contestação" por parte dos médicos e foi um dos motivos que levou à greve de 8 e 9 de julho desse ano.

O sindicato sublinha que esta lei da rolha visa criar um "ambiente intimidatório" entre os trabalhadores do Hospital de Évora, "escamoteando as insuficiências por parte deste Hospital e ludibriando a população da realidade". 

Considerando a ação como "intolerável" e "inadmissível", o sindicato avisa que irá utilizar todos os meios ao seu dispor para "assegurar o exercício do direito à liberdade de expressão (...), ao mesmo tempo incentivando todos os médicos a denunciarem as pressões e chantagens de que tenham conhecimento, em prol da qualidade do seu exercício profissional e da qualidade dos cuidados prestados aos seus doentes".

Por outro lado, o sindicato condena "veementemente" o facto de o Presidente da ARS Alentejo  acusar os médicos de se 'recusarem' a prestar cuidados na instituição em causa, "em vez de assumir as suas responsabilidades na gestão danosa dos recursos humanos da ARS a que preside, sendo certo que não existem quaisquer condições para que permaneça no cargo". Os médicos acusam a ARS de "gestão autocrática dos recursos humanos médicos" e lembram que alguns dos profissionais de saúde "estão a trabalhar mais de 80 horas por semana".

O Hospital de Évora criou uma 'Task-Force' que "delibera que os [médicos] Internos da Formação Específica 'irão colaborar com as enfermarias Covid criadas para combate a esta pandemia', "pretendendo, ilicitamente, substituir o Conselho Nacional do Internato Médico (CNIM), entidade que determina o programa de formação dos médicos internos", critica  o sindicato, considerando que a situação vem agravar "a tensão" já existente. 

 

 

 

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