O Sindicato dos Médicos da Zona Sul denuncia esta sexta-feira aquilo que refere ser como uma tentativa de impor a lei da rolha no Hospital de Évora, situação que vem aumentar o descontentamento dos médicos que têm manifestado desagrado pelas decisões relacionadas com a gestão dos clínicos em época de Covid-19.
"O Conselho de Administração (CA) do Hospital de Évora pretende impor a lei da rolha, já tentada em 2014, pelo Ministério da Saúde de Paulo Macedo", aponta o sindicato em comunicado, dando conta de uma circular interna em que o CA proíbe que os trabalhadores forneçam informações que "não sejam previamente autorizadas pelo Conselho de Administração".
O SMZS lembra o CA do Hospital de Évora que a lei da rolha mereceu, em 2014, uma "grande contestação" por parte dos médicos e foi um dos motivos que levou à greve de 8 e 9 de julho desse ano.
O sindicato sublinha que esta lei da rolha visa criar um "ambiente intimidatório" entre os trabalhadores do Hospital de Évora, "escamoteando as insuficiências por parte deste Hospital e ludibriando a população da realidade".
Considerando a ação como "intolerável" e "inadmissível", o sindicato avisa que irá utilizar todos os meios ao seu dispor para "assegurar o exercício do direito à liberdade de expressão (...), ao mesmo tempo incentivando todos os médicos a denunciarem as pressões e chantagens de que tenham conhecimento, em prol da qualidade do seu exercício profissional e da qualidade dos cuidados prestados aos seus doentes".
Por outro lado, o sindicato condena "veementemente" o facto de o Presidente da ARS Alentejo acusar os médicos de se 'recusarem' a prestar cuidados na instituição em causa, "em vez de assumir as suas responsabilidades na gestão danosa dos recursos humanos da ARS a que preside, sendo certo que não existem quaisquer condições para que permaneça no cargo". Os médicos acusam a ARS de "gestão autocrática dos recursos humanos médicos" e lembram que alguns dos profissionais de saúde "estão a trabalhar mais de 80 horas por semana".
O Hospital de Évora criou uma 'Task-Force' que "delibera que os [médicos] Internos da Formação Específica 'irão colaborar com as enfermarias Covid criadas para combate a esta pandemia', "pretendendo, ilicitamente, substituir o Conselho Nacional do Internato Médico (CNIM), entidade que determina o programa de formação dos médicos internos", critica o sindicato, considerando que a situação vem agravar "a tensão" já existente.