Em entrevista hoje à agência Lusa em Bruxelas, a responsável pelas pastas da Coesão e Reformas defendeu que o primeiro semestre de 2021, em que Portugal assume a presidência da UE após a Alemanha ocupar esse lugar, "pode ser um período de reencontro das instituições europeias com os cidadãos".
"Acho que esta sequência da presidência alemã, neste momento, com as decisões fundamentais, seguida de uma presidência portuguesa, que é um país antigo na União, um país médio, um país capaz de fazer negociações, um país estável politicamente e que tem dado essa imagem, é algo de fundamental e de único na implementação de tudo isto que temos na nossa agenda", frisou a comissária europeia.
Com um programa focado nas questões sociais, "Portugal pode dar uma imagem de relançar, na prática, aquela relação afetiva e de confiança dos cidadãos com a Europa", sustentou Elisa Ferreira.
Desde logo por a presidência portuguesa surgir "no pós-rescaldo das cicatrizes que ficaram do modo como foi gerida a crise de 2008 e quando a Europa foi capaz de dar, dentro dos meios disponíveis, uma resposta adequada a uma segunda crise, essa ainda mais humana e mais sentida por todos, e que deixou dramas brutais em termos de saúde, de desagregação do tecido económico", precisou.
"Portugal é um país que é da coesão, sabe o que a coesão significa, mas é um país com uma enorme história de abertura, de tolerância e de presença mundial e, portanto, não corremos o risco de ser um país que traz a Europa para uma espécie de autismo em relação ao mundo que a rodeia -- porque não podemos viver nessas circunstâncias. E depois é um país que incorpora, a meu ver muitíssimo bem, todos os princípios fundamentais da UE, os princípios da democracia, da liberdade, do respeito pelos outros, pela diversidade, pela tolerância, mas também do cumprimento e do respeito pelos valores fundamentais da cidadania e da democracia", disse ainda Elisa Ferreira.
Falando à Lusa na véspera do arranque da cimeira de líderes da UE subordinada à resposta económica à crise da covid-19, a responsável notou que "a Comissão fez a sua parte" ao apresentar propostas que ascendem a 1,8 biliões de euros, entre o Fundo de Recuperação e o quadro financeiro plurianual.
"A presidência do Conselho também está a fazer a sua parte -- com a presidência alemã, que teve uma posição extraordinariamente construtiva nesta fase --, seguida de uma presidência portuguesa, [que] pode ser, de facto, um reencontrar dos cidadãos com a Europa e eu, pessoalmente ficaria muito contente se isso acontecesse", concluiu Elisa Ferreira.