Um grupo de ativistas vai realizar, esta segunda-feira, em frente à Câmara Municipal de Santo Tirso, uma vigília para pedir justiça pelos animais que foram mortos pelas chamas, num incêndio que deflagrou a localidade e que atingiu dois canis localizados na Serra da Agrela. O encontro está marcado para as 21h30, em frente à Câmara Municipal.
Em comunicado, o grupo exige que seja "aberta uma investigação" ao canil ilegal 'Cantinho das Quatro Patas' - um dos espaços consumidos no fogo -, à autarquia, à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a todos os "órgãos de gestão e regulamentação", dado que estas duas últimas entidades permitiram "que o canil se mantivesse aberto, ainda que já estivessem informadas acerca da situação" de alegados maus-tratos a animais naquele acolhimento animal.
O grupo pede também ao município que sejam dadas garantias de que "os animais que sobreviveram ao incêndio recebam os cuidados necessários" e que não voltem a ser espaços semelhantes ao que se encontravam, onde passavam "fome e viviam sem quaisquer condições de higiene".
Tendo em conta os testemunhos relatados por presentes e as imagens captadas pela comunicação social, os ativistas querem também que a "atuação dos militares da GNR" seja avaliada. Na altura, os elementos da força policial terão impedido que pessoas prestassem auxílio aos animais que sobreviveram e necessitavam de cuidados, chegando "ao ponto de empurrarem as mesmas".
Por fim, o grupo exige que seja efetuado o "levantamento de todos os canis ilegais no concelho" e que a Câmara Municipal crie condições "para receber estes e futuros animais abandonados, garantindo uma vida digna para os mesmos".
Os ativistas lembram que todos as pessoas que queiram estar presentes na vigília devem levar máscara e cumprir as normas de segurança sanitária impostas pela Direção-Geral da Saúde.
De referir que, durante a tarde de domingo, a autarquia revelou, em comunicado, que morreram 54 animais, dos quais 52 cães e dois gatos, e que apenas pôde executar o plano de retirada durante esse dia "porque não estavam, de acordo com as autoridades de proteção civil, reunidas as condições de segurança para o realojamento dos animais durante a madrugada". Ainda ontem, o município presidido pelo socialista Alberto Costa informou que foi implementado um plano para o realojamento dos 190 animais vivos que se encontravam nos dois abrigos: 'Cantinho das Quatro Patas' e o 'Abrigo de Paredes'.
Segundo a autarquia, 113 animais foram realojados em canis municipais e associações e os restantes 77 foram acolhidos por particulares.
Entretanto, a GNR já reagiu à polémica, garantindo que a morte de animais no incêndio em Santo Tirso não se deveu ao facto de ter impedido o acesso ao local de populares, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais. "É importante salientar que as consequências trágicas deste fogo não tiveram qualquer correspondência com o facto de a Guarda ter impedido o acesso ao local por parte dos populares. A essa hora, já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar", explicou a força militar, em comunicado.
O PAN já informou que apresentou queixa ao Ministério Público por "crime contra animais de companhia" e pedirá esclarecimentos ao ministro da Administração Interna sobre a morte de dezenas de animais na sequência do incêndio. O Bloco de Esquerda, por seu turno, anunciou que quer explicações dos ministros da Administração Interna e da Agricultura no parlamento, bem como da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, sobre a situação.
Uma petição a pedir "justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso" já reuniu mais de 103 mil assinaturas.
A associação Animal solicitou ao Governo e ao parlamento que sejam apuradas responsabilidades no caso das mortes de animais naquele abrigo particular em Santo Tirso.