"Havia uma resposta politicamente correta que era dizer que não deveria comentar (...), mas vou mais longe, porque verdadeiramente não sei e penso que as autoridades portuguesas também não têm conhecimento sobre essa matéria", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado pelos jornalistas à margem de uma visita ao concelho de Lagoa, no Algarve, o chefe de Estado português não quis comentar uma eventual deslocação do antigo Rei de Espanha para Portugal e se essa situação seria um embaraço diplomático para o país.
Na segunda-feira, foi divulgada uma carta que Juan Carlos enviou ao seu filho Felipe VI, Rei de Espanha, na qual anunciou a sua decisão de se afastar de Espanha para ajudá-lo a "exercer as suas responsabilidades".
Na carta, Juan Carlos diz que pretende facilitar o exercício das funções de Felipe VI, pelo que deixará de viver no Palácio da Zarzuela e sai de Espanha, perante "a repercussão pública" de "certos eventos do passado".
Apesar de o Palácio Real ter anunciado a decisão de Juan Carlos de sair do país, a imprensa não avançou qualquer informação sobre o destino de Juan Carlos, tendo-se especulado que o rei emérito espanhol poderia ir viver para o Estoril, em Portugal, onde passou parte da juventude.
Esta terça-feira de manhã, a imprensa espanhola noticiou que Juan Carlos estaria na República Dominicana, para onde se teria deslocado.
Entretanto, a Direção de Migrações da República Dominicana negou que o rei emérito de Espanha tenha entrado no país, "contrariamente" às alegações da imprensa espanhola.
Por seu lado, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros dominicano, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), indicou não ter "qualquer informação" quanto a uma eventual estada do rei emérito espanhol no país.
Juan Carlos viu-se envolvido numa investigação judicial, desde o verão de 2018, quando agentes da polícia suíça foram enviados por um juiz para analisar as contas de uma empresa gestora de fundos alegadamente ilegais em paraísos fiscais, onde o rei emérito tem investimentos pessoais.
O antigo rei de Espanha não está a ser investigado, mas fontes judiciais suíças já disseram que pode vir a sê-lo num futuro próximo, embora a lei exija que apenas o departamento fiscal do Supremo Tribunal possa assumir o caso.
A investigação está na fase que pode determinar se há indícios suficientes para poder acusar Juan Carlos de ter cometido algum delito, desde que deixou o trono. Os seus advogados já disseram que o rei emérito continuará a colaborar com a justiça, apesar da decisão de sair de Espanha para viver noutro país.