"Temos indicadores que nos dizem que nas grandes cidades está a haver um reforço do privado", disse à Lusa Rodrigo Queiroz e Melo, diretor da Associação dos Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).
Apesar de a crise económica provocada pela pandemia ainda não ter chegado ao ensino privado, o diretor da AEEP disse que os colégios estão "obviamente preocupados com a crise económica e com as famílias".
Rodrigo Queiroz e Melo acredita que o encerramento das escolas em meados de março devido à pandemia e a substituição do ensino presencial pelo ensino à distância veio mostrar fragilidades do ensino público.
"Muitas famílias dispuseram-se a fazer mais um sacrifício pela educação dos filhos", disse, acrescentando que isso explica os novos casos de procura de estabelecimentos de ensino privado nas grandes cidades.
Segundo um inquérito feito pela associação, mais de 90% dos pais, alunos e professores gostaram da forma como os colégios conseguiram fazer a transição do ensino presencial para o ensino à distância.
"O ensino privado demonstrou uma rapidíssima capacidade de adaptação à transição para o ambiente digital e isso deixa-nos muito satisfeitos, porque as aulas continuaram e os alunos puderam concluir os seus percursos educativos neste ano letivo que foi muito atípico", sublinhou Rodrigo Queiroz e Melo.
No ensino básico e secundário, 100% dos colégios tiveram aulas virtuais, enquanto no pré-escolar foram 77,1% os estabelecimentos que recorreram a aulas virtuais para o desenvolvimento de atividades com as crianças, segundo o estudo iniciado durante o período de confinamento e concluído antes do fim do ano letivo.
Além das aulas virtuais através de videochamada, os professores também enviaram fichas de atividades por e-mail e, em alguns casos, fizeram acompanhamento telefónico, segundo o inquérito ao qual responderam 175 escolas frequentadas por cerca de 90 mil alunos e cerca de seis mil professores.
"Desejavelmente, o próximo ano letivo será com aulas presenciais, na escola, que é o lugar mais adequado para os alunos efetuarem os seus percursos educativos. Contudo, em caso de necessidade, as escolas privadas estão prontas e apetrechadas para continuarem a sua missão educativa, com qualidade e as ferramentas adequadas", garantiu o presidente da AEEP.
O próximo ano letivo começa entre os dias 14 e 17 de setembro e também o ministro da Educação já veio garantir que as escolas estão a trabalhar para que as aulas sejam presenciais.