Após ter sido revelado o mais recente boletim epidemiológico acerca da incidência da Covid-19 em Portugal, seguiu-se a habitual conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS), que hoje contou com o secretário de Estado da Saúde, a diretora-Geral Graça Freitas e o presidente do Infarmed.
Lacerda Sales começou por avançar que a taxa de letalidade global é de 3,2%, enquanto a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 15,5%. Desde 1 de março, "foram feitos cerca de 1,9 milhões de testes diagnóstico à Covid em Portugal", sendo que em agosto "não houve um decréscimo da testagem": foram feitos, em média, 13.600 testes por dia.
"Há 100 laboratórios, , neste momento, a fazer testes, 47,4% públicos, 40,5% privados e 12,1% em laboratórios da Academia e Militares, "rede que se será expandida no âmbito da estratégia integrada outono/inverno".
Já quanto à situação nos lares, esta "mantém alguma estabilidade", garantiu o secretário de Estado. "Há 70 estruturas residenciais para pessoas idosas com casos positivos, o que corresponde a 2,8% do universo" destas estruturas. São 532 utentes e 229 profissionais destas unidades que se encontram positivos para o novo coronavírus.
Lacerda Sales destacou, no final da sua intervenção, que o Conselho de Ministros aprovou a compra de 6.9 milhões de vacinas contra a Covid-19, que corresponde a um investimento de 20 milhões de euros: "O início do processo de distribuição, que corresponde a uma quantidade de cerca de 690 mil doses, deverá ocorrer a partir do final do ano, mas sempre dependente da avaliação pela Agência Europeia do Medicamento e da autorização da vacina a nível europeu. É uma luz que se começa a avistar ao fundo do túnel".
Vacinas? Processo "está a ser feito com muita antecipação"
O presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, explicou o processo que está a decorrer a nível europeu relativamente ao acesso à vacina para a Covid-19. "Trata-se de um processo coordenado entre todos os Estados-membros e a Comissão Europeia", destacou, acrescentando que "está a ser feito com muita antecipação relativamente às próprias fases de desenvolvimento das vacinas e temos de ter esse aspeto em atenção".
"O que está a ser feito é também apoiar o processo de produção das vacinas e, depois, da sua distribuição", havendo "três fatores" importantes: "o tempo", "as características das vacinas" e "as condições de acesso". O presidente do Infarmed avançou também que "o que este processo visa é criar um portefólio de opções que nos permitam dar resposta depois às estratégias nacionais de vacinação". Estas vacinas "não vão surgir todas ao mesmo tempo".
"Temos também de saber se vamos poder administrar apenas uma dose, se vamos ter de administrar mais do que uma dose. O regime que vai ser aplicado resultará também de uma avaliação", asseverou, assim como também quais os "grupos a que se destina primordialmente".
Há 165 vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19
De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou Rui Santos Ivo, há "165 vacinas" que estão em desenvolvimento, estando "26 em fase clínica", na fase 1, 2 ou 3. "É muito importante que haja um conjunto de vacinas negociadas e disponíveis não só em termos de quantidades, mas também sabendo quais são as características", apontou.
O presidente do Infarmed disse também que "o objetivo é dispor de quantidades provenientes de diversos processos negociais". Os 6.9 milhões de doses já apontadas são "de uma primeira disponibilidade que é feita à União Europeia", numa distribuição "proporcional à população". "Na segunda-feira penso que vai ser negociada uma outra", avançou.
Quem vai ser vacinado?
"Como noutras alturas", sublinhou Graça Freitas, "vão ser estabelecidos grupos prioritários para a vacinação", definidos por "especialistas" e a "primeira linha de consideração são o tipo de vacina e as características da vacina. "Temos de ler o bilhete de identidade da vacina e saber a que grupos específicos é que se destina, grupos etários, grupos de risco por patologia", deu como exemplo.
As pessoas que mais beneficiarão da vacina, os mais "vulneráveis", terão prioridade, assim como os "cuidadores". À "medida que as doses vão chegando", as pessoas são vacinadas de acordo com os critérios.
Já quanto à vacina da gripe, "Portugal este ano conseguiu aumentar muito a sua quota tendo conseguido 2.5 milhões de doses para o Serviço Nacional de Saúde".
A diretora-Geral da Saúde prosseguiu, novamente sobre a vacina contra o novo coronavírus, que as "pessoas que têm determinadas doenças podem ter uma Covid mais grave do que outras, o que não sabemos é, em relação a cada uma das vacinas, qual vai ser o seu perfil para uma determinada doença".
"Sabemos quais são os grupos prioritários, teoricamente, mas temos que esperar pela ficha da vacina, pelas características da vacina em relação a cada grupo etário e em relação a cada grupo de risco por doença para fazer a tal hierarquia", sublinhou Graça Freitas. Quanto a se será administrada uma dose ou duas, a responsável disse que, uma vez mais, isso depende do tipo da vacina.
Por fim, sobre se a vacina será ou não obrigatória, "a decisão não está fechada" e a "legislação portuguesa permite que, em situação de epidemia e para defesa da saúde pública, uma vacina possa ser obrigatória, mas mais uma vez, creio que esta decisão terá de depender de uma análise profunda da sociedade" e das "características da vacina".
Veja a conferência na íntegra:
[Última atualização às 14h41]