Após a divulgação do mais recente boletim epidemiológico sobre a incidência do novo coronavírus em Portugal, começou a conferência da Direção-Geral da Saúde (DGS). Esta contou hoje com o secretário de Estado Lacerda Sales, a diretora-Geral Graça Freitas, e o presidente do Conselho Diretivo do INSA, Fernando Almeida.
Coube a Lacerda Sales começar a conferência, com o governante a informar que a taxa de letalidade global é de 3,2% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos de 15,5%.
"Mais de um milhão e 31 mil cidadãos foram seguidos em Portugal através do TraceCovid-19, a plataforma de acompanhamento de doentes em cuidados ou vigilância domiciliária", referiu, acrescentando que este é realizado por "mais de 74 mil profissionais de saúde", estando em vigilância clínica "cerca de 16 mil pessoas neste momento".
Quanto à linha de apoio psicológico "já atendeu, desde o dia 1 de abril, cerca de 30.500 chamadas", sublinhou ainda o governante. "Estamos também a preparar a estratégia integrada para o outono/inverno", sendo que "o diagnóstico laboratorial assume um papel essencial nesta preparação, e estamos a trabalhar no sentido de dotar o país de uma rede de diagnóstico reforçada e alargada que permita detetar com rapidez o eventual reaparecimento deste e de outros vírus e responder de forma célere e integrada a novos surtos em Portugal".
"Duplicar a capacidade de testagem para cerca de 22 mil testes por dia"
Portugal "é hoje um dos países que mais testes por 100 mil habitantes faz na Europa", afirmou Lacerda Sales, com o objetivo com a expansão da capacidade laboratorial a ser "duplicar a capacidade de testagem para cerca de 22 mil testes por dia". Neste momento, "são feitos cerca de 10 mil testes por dia no Serviço Nacional de Saúde". Trata-se de um investimento de 8,4 milhões de euros.
Sobre esta questão, o presidente do Conselho Diretivo do INSA, Fernando Almeida, destacou que "há alturas em que temos que responder àquilo que a Covid nos proporcionou e outras em que a Covid tem de nos responder a algumas questões". "Este aumento da capacidade insere-se naquilo que é a capacidade que nós vamos reforçar de responder às questões, mas também de estarmos muito mais bem apetrechados em relação à fase do diagnóstico".
A intenção do investimento "não é fazer testes sem critério", uma vez que mais importante do que isso é ter "critério para fazer testes". Fernando Almeida disse que, com o aumento da capacidade de testagem não se quer fazer "testes sem critério", mas sim "aumentar a capacidade de resposta fazendo com que a diminuição do tempo de resposta seja uma realidade".
Há "148 surtos ativos" em Portugal
Questionada sobre os surtos, Graça Freitas revelou que os últimos dados acerca do estabelecimento da Santa Casa no Barreiro, é de 20 de agosto e, "no total, 53 casos", sendo "considerado estável". Já sobre Mora, dados das 10h30 desta segunda-feira dão conta de "62 casos diagnosticados", tendo estado envolvidas 401 pessoas e feitos 592 testes.
No total, há 148 surtos ativos em Portugal, dividindo-se, de acordo com a Diretora-Geral da Saúde, do seguinte modo: 55 da região Norte, dois da região Centro, 62 de Lisboa, 12 do Alentejo e 13 do Algarve.
Festa do Avante! analisada "como aquilo que é: um evento de massas"
Sobre a Festa do Avante!, Lacerda Sales explicou que a autoridades de Saúde pediram mais esclarecimentos. "Neste momento, está do lado da Direção-Geral da Saúde e, muito em breve, teremos as respetivas orientações. A garantia e o pressuposto, como sempre temos dito, é de que serão construídas essas regras e essas diretrizes garantindo a segurança e, com certeza que a entidade promotora terá essa responsabilidade de cumprir essas regras".
Graça Freitas acrescentou que "não estão encerradas as regras" e a DGS está a "analisar o evento como aquilo que ele é: um evento de massas." "Dentro da tipologia de um evento de massas, a festa encerra determinadas atividades que, elas próprias, podem ser segmentadas. Dentro de cada segmento, serão observadas as regras em vigor no nosso país. É uma análise muito de pormenor".
"Primeiro-ministro tem estado sempre ao lado dos profissionais de saúde"
Lacerda Sales tomou de novo a palavra para falar sobre a polémica em que o primeiro-ministro António Costa está envolvido, após ter sido divulgada uma conversa em 'off' que manteve com jornalistas do Expresso, onde chamou "cobardes" a médicos no âmbito do surto num lar em Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas.
O secretário de Estado não quis comentar "conversas privadas" ou "descontextualizadas", mas sublinhou que "o primeiro-ministro, enquanto governante, sempre tem estado ao lado dos profissionais de saúde". "Tem estado sempre empenhado em encontrar as soluções para as melhorias das condições destes profissionais", recordando 'regalias' e contratações.
"Os portugueses sabem isto e os profissionais de saúde e eu próprio reconhecemos esta realidade. "Este Governo tem feito um trabalho estreito de parceria com diferentes organismos e entidades (...) para estabelecermos uma estratégia para o outono/inverno", acrescentando que "isto é que é verdadeiramente importante".
Já quanto à questão com a Ordem dos Médicos, o secretário de Estado diz que o dever desta é "regular e monitorizar aquilo que é o exercício da atividade dos seus profissionais". "A primeira obrigação de um médico é tratar dos seus doentes seja em que condições for", advogou.
"Não existindo dúvidas de que a Ordem dos Médicos tem competências na matéria disciplinar" de médicos, "não tem poder de fiscalização ou inspeção sem que tenha de ser articulado". Isso "não existiu no caso em apreço", em Reguengos.
Reveja aqui a conferência na íntegra:
[Última atualização às 14h39]
Consulte os mapas da evolução da pandemia em Portugal e no resto do Mundo.