Afinal, "Costa não foi fiel ao que disse na reunião", acusa Ordem

No final da reunião, nas declarações aos jornalistas, "o primeiro-ministro não transmitiu integralmente e fielmente aquilo que minutos antes tinha reconhecido à Ordem dos Médicos", lamentou o bastonário Miguel Guimarães numa missiva enviada aos colegas da Ordem.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
26/08/2020 13:36 ‧ 26/08/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País

Ordem dos Médicos

A tensão e os mal-entendidos parecem, afinal, não estar resolvidos. Depois da reunião de ontem, entre a Ordem dos Médicos e o Governo, o bastonário Miguel Guimarães acusa António Costa de não ter sido fiel ao que disse na reunião em São Bento, na sequência da polémica sobre o surto de Covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

Numa carta endereçada aos colegas da Ordem dos Médicos, e a que a RTP teve acesso, o bastonário queixa-se de que o primeiro-ministro António Costa "não relevou" nas declarações aos jornalistas  "a mensagem de retratamento da mesma forma enfática que aconteceu na reunião".

"O Primeiro-Ministro não transmitiu integralmente e fielmente aquilo que minutos antes tinha reconhecido à Ordem dos Médicos", lamentou o responsável. 

Durante a reunião, escreve o bastonário na missiva, o chefe do Governo reconheceu "que os médicos cumpriram a sua missão no lar de Reguengos de Monsaraz e em todo o país” e que as declarações polémicas que prestou em off aos jornalistas do semanário Expresso “não correspondem ao que pensa sobre os médicos".

O próprio Primeiro-Ministro reconheceu que as palavras proferidas na entrevista eram contraditórias com o seu pensamento sobre os médicos”, acrescenta a carta, citada pela RTP3.

Mais. Considera ainda Miguel Guimarães que "o apoio continuado aos lares não pode ser atribuído aos médicos de família, da forma cega que o Primeiro-Ministro a expressou", lamentando, por isso, não ter tido oportunidade de voltar a falar aos jornalistas depois das declarações de António Costa.

Ainda assim, o bastonário assume que a “reunião foi exigente de parte a parte, mas foi um começo para esclarecer alguns pontos relacionados com as competências estatuárias da Ordem dos Médicos e os resultados da auditoria que fizemos ao Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, que tinham estado na origem de algumas das infelizes declarações”.

"Mal-entendidos" ficaram esclarecidos, disse Costa no final da reunião

Esta posição foi assumida por António Costa numa declaração aos jornalistas, em São Bento, após uma reunião de quase de três horas com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, na qual também estiveram presentes a ministra da Saúde, Marta Temido, e o secretário de Estado António Lacerda Sales.

Numa declaração sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, o líder do executivo voltou a remeter o "caso concreto" verificado no lar de Reguengos de Monsaraz "para as instituições competentes, que, com a informação já disponível, apurarão" o que se passou.

"Tive a oportunidade de informar e esclarecer mais em pormenor o senhor bastonário [da Ordem dos Médicos] sobre a forma como o Estado desde junho tomou conhecimento, agiu e reagiu perante a situação em concreto que ocorreu no lar de Reguengos. Fico particularmente satisfeito por o senhor bastonário poder sair daqui - espero - sem a menor dúvida sobre a enorme consideração e apreço que tenho pelos médicos, pelo seu trabalho, assim como tenho pela generalidade dos profissionais de saúde", declarou António Costa.

No final da sua declaração, tendo ao seu lado Miguel Guimarães, o primeiro-ministro reforçou esta mensagem: "Temos de trabalhar mais em equipa para garantir a todos os cidadãos, seja os que residem nas suas casas, sejam os que residem nos lares ou em outro espaço, os melhores cuidados possíveis - e, para isso, nenhum de nós será pouco".

"Agradeço ao senhor bastonário [da Ordem dos Médicos] a oportunidade e a franqueza desta conversa. Espero que todos os mal-entendidos estejam esclarecidos. E fico particularmente reconhecido pela forma como aqui testemunhou, de forma inequívoca, o meu apreço e consideração pelos médicos portugueses e pelo trabalho que desenvolvem", acrescentou.

Ao longo das três horas de reunião, de acordo com o primeiro-ministro, houve "uma conversa muito útil sobre o contributo da Ordem dos Médicos" no combate à pandemia da covid-19 e sobre a atuação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Temos de nos preparar para o pior. Desejamos, naturalmente, que não haja segunda vaga da covid-19, mas temos de nos preparar para o risco da segunda vaga. Desejamos que haja vacina, mas temos de nos preparar para a possibilidade de a vacina não chegar tão depressa", referiu Costa, acrescentando que "é fundamental não baixar a guarda".

"Exige-se que, da parte de todas entidades, Estado ou associações públicas como a Ordem dos Médicos, ou ainda instituições da economia social, se faça um enorme esforço de trabalho em conjunto. Não há um mundo sem falhas. E, perante as falhas, mais do que atirar pedras, mais do que apontar o dedo, devemos procurar responder em concreto às realidades que existem", acrescentou.

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