"news_bold">"Ernesto de Melo e Castro foi a personalidade mais destacada de um movimento marcante da cultura portuguesa contemporânea", estabelecendo-se como "sinónimo de poesia experimental portuguesa", e "um escritor e artista que muito contribuiu para o diálogo cultural luso-brasileiro", escreve Marcelo Rebelo de Sousa, na mensagem enviada à família do escritor e artista plástico.
Ernesto Manuel de Melo e Castro, que vivia no Brasil, morreu no sábado à noite, em São Paulo, aos 88 anos, anunciou hoje a sua filha, a cantora Eugénia Melo e Castro, numa publicação na rede social Facebook.
"Um dos mais importantes Poetas e Homem de Artes e Cultura do Mundo", escreveu na rede social.
"Durante décadas, o nome E. M. de Melo e Castro foi sinónimo de poesia experimental portuguesa, tendência que cultivou como poeta, teórico, crítico, conferencista, editor, dinamizador, logo nos anos 1960, com a revista 'Poesia Experimental'", lê-se na mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, publicada ao início da tarde de hoje.
O Presidente da República recorda ainda "o volume 'PO.Ex'", de Melo e Castro, publicado com a escritora e artista Ana Hatherly (1929-2015), e as muitas intervenções do criador multidisciplinar, em diversos "encontros e performances", sem esquecer, a edição da "Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa", em 1959, que coorganizou com sua mulher, na altura, a escritora, poeta, programadora e pedagoga Maria Alberta Menéres (1930-2019).
"Da poesia visual e gráfica ao uso de tecnologias e à videoarte, Melo e Castro juntou o conhecimento e o gosto dos clássicos (como Camões) com as vanguardas modernas, dando uma feição cosmopolita e avançada à poesia portuguesa, e fazendo pontes com o Concretismo brasileiro, que teve grande repercussão além-Atlântico. Foi aliás no Brasil que o escritor viveu muitos anos, doutorando-se em Letras (na Universidade de São Paulo) e dando aulas (na PUC, na mesma cidade). Mas se no Brasil encontrou interlocutores mais atentos e com mais afinidades estéticas, diversas instituições portuguesas também foram mostrando e reconhecendo o seu trabalho ousado e vanguardista", conclui Marcelo Rebelo de Sousa, na sua mensagem.
E.M. de Melo e Castro foi pioneiro da poesia experimental portuguesa, e da investigação, na área da engenharia têxtil no país, nas décadas de 1950 e 1960.
Licenciado em engenharia têxtil, mas com um percurso sempre ligado à literatura, fez doutoramento em Letras na Universidade de São Paulo.
Era um dos artistas portugueses mais acarinhados pelo público brasileiro, país onde vivia há mais de 20 anos, de acordo com reações locais à morte do artista.