A conferência de imprensa da DGS desta segunda-feira já se realizou - pouco depois de ter sido divulgado o relatório da situação epidemiológica de hoje no país, que dá conta de mais três mortes e 244 novos casos nas últimas 24 horas -, contando com a presença do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Lacerda Sales começou o briefing esclarecendo várias questões relacionadas com a realização do Avante! e sobre o parecer técnico da DGS efetuado para este evento - que pode consultar aqui.
"A DGS, em consonância com a entidade promotora, divulgou, excecionalmente, o parecer, tendo em conta o interesse público e a tranquilidade social que é tão importante nestes tempos de pandemia que vivemos", começou por dizer, acrescentando que, não há qualquer tipo de "discriminação", em resposta a uma crítica do PCP, que enfatizou que o parecer da DGS "contém em vários domínios graus de exigência maiores relativamente à Festa do que tem estabelecido" para outros eventos.
"Este evento, em particular, adquiriu um carácter excecional, não do ponto de vista técnico, mas do ponto de vista do impacto social e mediático. Não existe qualquer tipo de discriminação negativa, como positiva. O que a DGS fez foi aplicar as normas adaptadas aos princípios de saúde pública", frisou o governante.
Já Graça Freitas referiu que, "antes da divulgação do parecer, "a DGS recolheu a concordância da respetiva organização, para não criar qualquer tipo de precedente" e explicou que a DGS tem um conjunto de regras gerais, sendo que, para eventos específicos é emitido um parecer diferente, devido às características individuais do evento. Com base nessas particularidades e na situação epidemiológica, “a DGS faz uma análise do risco e emite um parecer”.
“Tanto quanto possível os pareceres baseiam-se em normas universais. No entanto, as características do evento e a epidemiologia da doença ditam ajustamentos que têm de ser feitos em função da avaliação do risco”, esclareceu.
Sobre o critério de lotação do Avante! - de 16.563 pessoas em simultâneo -, Graça Freitas afirmou que foi o mesmo que para as praias e que, no parecer, há um anexo onde foram consideradas as áreas onde se vão realizar atividades mais específicas.
“Usando este critério e a lotação indicativa usada para as praias, de uma pessoa por oito metros quadrados, fizemos os cálculos e chegámos a esse número [cerca de 17 mil pessoas]. Obviamente que há mais área disponível”, disse, salientando, contudo, que esta não foi considerada porque não tem uso específico e é uma “reserva” para eventualmente dispersar pessoas, se assim for necessário.
Já quanto à venda de bebidas alcoólicas, Graça Freitas adiantou que as regras no Avante! são as mesmas que no "geral", ou seja, venda proibida a partir das 20h00, com exceção das zonas de restauração.
Ainda sobre o mesmo assunto, a diretora-geral da Saúde elucidou que quem vá ao Avante! deve ficar sentado em cadeiras durante o evento. "A organização não manifestou nenhuma opinião contra", afiançou. "A regra é que as pessoas se mantenham imobilizadas e só abandonem o sítio com orientação dos assistentes de plateia", adiantou.
Com uma "evidência científica robusta" período de isolamento pode diminuir
Questionada sobre a diminuição do período de isolamento das pessoas de 14 para 10 dias, a responsável disse que “o perigo de contágio é muito pequeno a partir dos 10 dias do início de sintomas ou de contacto com um caso doente”, e sublinhou que, se se verificar evidências nesse sentido, “seria extraordinariamente positivo poder diminuir o período de isolamento das pessoas de 14 para 10 dias”. Todavia, salientou Graça Freitas, "temos de ter evidência científica robusta que permita encurtar esse período”.
Regresso à escola deve ser feito "com a maior das cautelas"
Sobre o início do ano letivo, António Lacerda Sales reiterou que o regresso às escolas e ao trabalho deve ser feito “com a maior das cautelas” pois “a mobilidade sendo maior, aumenta o risco”.
Sobre as escolas em particular, o secretário de Estado anunciou que está a ser preparado “um manual que fará a ligação entre autoridades locais de saúde e diretores de agrupamentos que será muito útil para saber o que deve ser feito em cada situação”.
"Houve de facto um ligeiro aumento nos últimos dias, mas é controlado"
Questionada sobre o aumento de casos de infeção, nos últimos dias, Graça Freitas garantiu que os números da pandemia em Portugal estão "estáveis".
"Houve de facto um ligeiro aumento nos últimos dias, mas é controlado", assegurou a diretora-geral, adiantando que era previsível que o contacto durante o verão e as férias fizesse aumentar o número de casos.
Apesar da estabilidade do número de contágios, Graça Freitas apelou para que as famílias não façam ajuntamentos.
"Se acontecer termos familiares noutras casas, não nos vamos juntar todos só porque somos da mesma família. E tem acontecido isso [...]. Por serem da mesma família pensam que têm um escudo invisível que as protege e que se podem juntar todas no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Não é assim. Basta uma pessoa estar doente para contagiar 20, 30 familiares", disse.
"Confraternizar sim, mas não esquecer que não coabitando apresentam riscos”, reforçou.
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