A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) informou a Universidade Católica que tinha acreditado aquele que será o primeiro curso de Medicina ministrado em Portugal por uma instituição privada, apesar da Ordem dos Médicos ter dado um parecer negativo. Miguel Guimarães considera que "esta abertura tem muito de político".
Em declarações na antena da RTP, explicou o bastonário da Ordem dos Médicos que "o parecer [da Ordem] não é vinculativo. A A3ES toma a decisão de abrir um curso, mesmo sem tendo o parecer positivo da Ordem dos Médicos e pode fazê-lo".
Mas "eu diria que esta abertura tem muito de político", constatou, alegando que, há cerca de três semanas, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, "a propósito de as escolas médicas não terem aumentado o número de vagas em cerca de 15%", anunciou que "iria abrir o curso da Universidade Católica e que depois ia considerar o curso em Aveiro e em Évora".
Nesta altura, continuou, "estava a A3ES a analisar as várias propostas dos cursos de medicina privados, o da Católica, da Fernando Pessoa, e da CESPU. Não sei qual foi a decisão da A3ES em relação a estes cursos de Medicina, mas vamos saber se, porventura, o curso de Medicina aprovado foi o da Católica e os outros foram chumbados. Então o senhor ministro, antes de a A3ES decidir, já tinha decidido".
Miguel Guimarães detalhou ainda que, quando a Ordem dos Médicos analisa uma situação para emitir um parecer, procura "comparar com o que é o padrão de qualidade", neste caso em relação "à informação pré-graduada em Medicina". E "existem várias preocupações que, a não serem corrigidas, e deveriam ser corrigidas antes de a proposta ter sido aprovada, obviamente não garantem a qualidade do curso. Esta é a nossa preocupação".
Defendeu o bastonário que as faculdades de Medicina portuguesas têm "elevadíssima qualidade a nível internacional" e que estas instituições "formam médicos que, depois de serem especialistas, são muitíssimo competentes e têm uma imagem forte na Europa. Estamos numa pandemia e o que Portugal tem de melhor é a taxa de letalidade, que tem muito que ver com os médicos".
Um dos principais pontos que deveria ter sido analisado, antes da decisão da A3ES, vincou o bastonário, está relacionado com "o 'Hospital mãe' para os estudantes de medicina". O Hospital Beatriz Ângelo é importante, tem parceria público-privada, e aparentemente estará de acordo em ter os estudantes, mas ninguém sabe o que vai acontecer daqui a algum tempo".
"Como já foi anunciado pelo Governo", acrescentou, o Hospital Beatriz Ângelo "vai deixar de ser parceria público-privada, passando a ser EPE [Entidade pública empresarial] e tudo depende da direção do Hospital e da relação com as várias formações".
O novo curso de medicina, recorde-se, conta com uma parceria com a Universidade de Maastricht e o Grupo Luz Saúde e "distingue-se dos currículos tradicionais por ter uma abordagem mais prática e integrada desde os primeiros anos", segundo uma explicação do gabinete de imprensa da UCP.