Lopes Guerreiro referiu que o arguido vai sentar-se no banco de réus com "muita angústia e expectativa", pretendendo esclarecer todos os factos de uma acusação que classificou de frágil.
O advogado admitiu que é prejudicial ao seu constituinte que o julgamento se faça apenas na presença de Rómulo Costa e de Sadjo Turé, uma vez que se desconhece o paradeiro dos restantes arguidos que poderiam ajudar a esclarecer o factos que lhe são imputados.
O advogado falava à entrada do Tribuna Criminal de Lisboa, onde começa hoje o julgamento dos oito portugueses suspeitos de pertencerem à organização terrorista Estado Islâmico (EI), mas só um deles, Rómulo Costa, se encontra, desde junho de 2019, preso em Portugal.
Rómulo Costa, que terá ajudado dois dos irmãos a chegar à Turquia para posteriormente se juntarem ao EI, está preso preventivamente na cadeia de Monsanto e será o único a estar presente neste julgamento por crimes de terrorismo, já que um outro está no Reino Unido e os restantes em paradeiro desconhecido, segundo o despacho de pronúncia que levou os arguidos a julgamento.
Em causa estão os crimes de recrutamento, adesão e apoio à organização terrorista Estado Islâmico (EI) e financiamento ao terrorismo.
O processo agora em julgamento resultou de uma investigação resultante da cooperação judiciária entre as autoridades portuguesas e britânicas, sendo que o arguido Rómulo Costa nega as acusações de terrorismo, admitindo apenas que falou com os irmãos/guerrilheiros por telefone para apurar se estavam bem e saber informações sobre outros familiares a viver em campos de refugiados, argumentos que não convenceram o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), que mandou o caso para julgamento.
A acusação entende que todos os arguidos uniram esforços, recrutaram e financiaram de modo próprio o EI, apoiando a ida de cidadãos portugueses e britânicos para a Síria para combaterem ao lado dos jihadistas.
Segundo o Ministério Público, durante os seis anos da investigação (iniciada em 2013) "foi possível descrever e reconstruir, do ponto de vista criminal, mas também histórico e sociológico, a radicalização organizada desse grupo de cidadãos portugueses e a sua deslocalização para a Síria, com as suas mulheres e filhos, para integrarem as fileiras do Ei e cumprirem a "jihad" (guerra santa)".
Além de Rómulo Costa, são arguidos Nero Saraiva, Sadjo Turé, Edgar da Costa, Cleso da Costa, Fábio Poças e Sandro Marques (todos eles em paradeiro desconhecido) e Cassimo Turé (que está no Reino Unido).