Teve lugar mais uma conferência de imprensa sobre a evolução e impacto da pandemia de Covid-19 em Portugal após ter sido divulgado pela Direção-Geral da Sáude (DGS) que, nas últimas 24 horas, foram contabilizados mais três mortos e 646 infetados no país, o número de casos diários mais elevado desde 20 de abril.
Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde, começou por apontar, esta quarta-feira, que Portugal vai entrar numa "nova fase de gestão da pandemia".
"Estamos a trabalhar para que a abertura das escolas e o regresso do país ao ritmo pós-férias tenha o menor impacto possível", frisou a governante, salvaguardando, contudo, que o Executivo acredita que os "números vão sofrer alterações" em breve e que, por isso, irá continuar "diariamente" a fortificar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e as estruturas sociais, "para que possam responder o melhor possível".
De seguida, a secretária de Estado anunciou que já foi lançado o concurso para aquisição massiva de material para a Reserva Estratégica de Equipamentos e Proteção Individual. "Estamos a falar de um investimento que ronda cerca de 20 milhões de euros", detalhou, destacando que, para o Governo, "a segurança dos profissionais de saúde continua a ser determinante na estratégia de combate à pandemia".
Sobre os profissionais de saúde, Jamila Madeira, reforçou a ideia de que este material a adquirir irá garantir que, se houver uma segunda vaga, estes profissionais possam trabalhar em segurança. A secretária de Estado recordou ainda que a taxa de infeção por Covid-19 no país em profissionais de saúde é de 7%, um valor "muito abaixo" em comparação com os registados no resto do mundo, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, rondam os 10%. Até ao momento, há conhecimento de 4.551 profissionais de saúde infetados com o novo vírus em Portugal, revelou ainda a governante.
"Não é a suspensão da vacina, é a suspensão dos estudos"
Confrontado com a notícia da suspensão da fase de testes da vacina da AstraZeneca, Rui Ivo, presidente do Infarmed, clarificou que não ocorreu uma "suspensão da vacina", mas sim a "suspensão dos estudos".
Segundo o responsável, a paragem anunciada, que se deveu ao surgimento de efeitos secundários num dos voluntários, é um procedimento natural, geralmente relacionado com a fase 3 destes ensaios clínicos. "Estamos perante uma situação normal de funcionamento do sistema”, vincou Rui Ivo, reiterando que assim é que são garantidos os padrões de "qualidade, segurança e eficácia" dos tratamentos.
A "situação dos 646 casos"
Após Jamila Madeira ter referido que o Executivo já estava a antecipar um aumento dos casos nos próximos tempos apesar de não estar "feliz nem satisfeito" com a subida de hoje, Graça Freitas tomou a palavra para dar uma nota positiva sobre "a situação dos 646 casos" positivos registados: "Só 12% do total de 646 novos infetados têm acima de 70 anos".
Para a diretora-geral da Saúde, este é um "indicador positivo em relação à sua potencial gravidade". "É normal [o aumento de contágios] tendo em conta o período de reentrada em que estamos, depois de termos tido férias, terem vindo pessoas visitar-nos e de nos termos mobilizado", concluiu a responsável.
Há 23 lares com surtos ativos
Questionada sobre quantos surtos há atualmente em lares no país, Graça Freitas revelou que, neste momento, existem 23 focos ativos do novo coronavírus. "É um numero que é muito menor do que já tivemos no passado, o que quer dizer que as medidas que têm vindo a ser tomadas estão a ter o seu efeito", apontou a diretora-geral da Saúde, garantindo ainda que, de qualquer forma, as autoridades de saúde vão estar especialmente atentas a estas situações.
Regresso dos adeptos aos estádios e reabertura das discotecas? “Não será certamente nos próximos tempos”
No que diz respeito ao possível regresso do público aos estádios e à eventual reabertura das discotecas, Graça Freitas disse, sem rodeios, que estas atividades não deverão reabrir "certamente nos próximos tempos". Segundo a diretora-geral da Saúde, neste momento, Portugal vai entrar numa fase de mais contactos com o fenómeno do regresso às aulas e, por isso, deve manter a "prudência". "Não ensaiemos mais medidas que levem a mais contactos", sustentou.
Reveja a conferência de imprensa aqui:
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