Conhecidos os dados do boletim epidemiológico desta segunda-feira (mais 613 infeções e quatro mortes), o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, atualizaram a informação relativa à evolução do coronavírus em Portugal. A partir de amanhã, o país entra em situação de contingência, o que envolve regras mais apertadas.
Referindo que o país está agora "numa nova fase da pandemia", Lacerda Sales começou por referir que dos novos casos registados, apenas 10% têm idade superior a 70 anos, grupo etário que apresenta maior risco, e mais de 51% das novas infeções ocorreram em pessoas entre os 20 e os 49 anos, indicou.
Se por um lado se trata de uma "boa notícia" por significar que se está a conseguir proteger a saúde dos mais vulneráveis, sinalizou o governante, por outro, "obriga-nos a uma reflexão coletiva sobre os nossos comportamentos individuais".
Assim, e numa semana marcada pelo regresso às aulas, o que significa maior circulação de pessoas, "é importante que todos continuemos conscientes do nosso papel na propagação do vírus, não podemos vacilar neste caminho de contenção, o único que dispomos no momento". "Temos a obrigação de na rua, no trabalho, em família, tudo fazer para garantir que o SNS continue a ter capacidade de dar resposta a esta doença mas também a todas as outras", reforçou, apelando ao cumprimento das regras.
Portugal é o sexto país que mais testa na UE
Lacerda Sales destacou nesta conferência que, desde março, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi reforçado com mais de 4.700 profissionais de saúde para o combate à pandemia. O governante referiu-se ainda à testagem, um "instrumento fundamental para o controlo da pandemia" e "Portugal tem feito esforços assinaláveis na expansão da capacidade laboratorial". São hoje 102 laboratórios, 42 dos quais do SNS.
"E na sexta-feira passada, dia 11, foi o dia em que foi realizado o maior número de testes desde o início da pandemia: mais de 21.700 testes", deu conta o secretário de Estado. Assim, e tendo em conta os dados até sábado, "Portugal regista uma taxa de 222.527 testes por milhão de habitantes", a sexta maior entre os países da UE, sublinhou.
Casos de Covid-19 no futebol
Questionado sobre os casos de Covid-19 que levaram ao cancelamento de jogos de futebol, o secretário de Estado defendeu que "o Governo continua e continuará empenhado" em garantir o regresso à normalidade possível das modalidades desportivas, e o futebol não é exceção.
No entanto, "as autoridades não abdicam nem poderiam abdicar de usar todos os meios legais para impedir a propagação do vírus (...) Numa altura em que o país sobe para o estado de contingência, o futebol ou qualquer outra atividade, não pode nem deve dar sinais contrários. Por isso, estamos conscientes que o futebol, como outras modalidaded, quererão manter a excelente imagem na defesa que é o interesse pública e a saúde pública. Será também esta a receita para a nova época", destacou, sinalizando que situações diferentes merecem análises distintas.
Graça Freitas, por seu turno, acrescentou "que não há um número a partir do qual se tomam decisões". "Há toda uma avaliação de risco, baseada em vários pârametros", em nome da equidade, esclareceu a diretora-geral.
Áreas mais críticas
A diretora-geral de Saúde afirmou que as áreas mais críticas, nesta altura, dizem respeito à maior parte dos concelhos localizados na região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que também Guimarães e Vila Nova de Gaia, no Norte, são concelhos com maior incidência por 100 mil habitantes.
"Subida é notória", mas é difícil dizer se é segunda vaga
Questionada sobre se o aumento de casos já é sinal da segunda vaga da doença no país, a diretora-geral de Saúde disse ser difícil responder à questão, uma vez que Portugal praticamente nunca esteve sem contágios.
"É notório, nós sabemos que estamos a ter um aumento do número de casos, sendo que em Portugal tivemos uma situação sempre com casos todos os dias e todas as semanas. É muito difícil essa resposta, porque esta é a primeira vez que estamos a viver com este vírus, não temos um histórico de como é que é o comportamento do vírus ao longo do tempo. O que sabemos é que estamos a apresentar uma subida e que se prevê que vá continuar".
Se constitui ou não uma segunda vaga, frisou a responsável, "só daqui a uns dias, semanas, é que perceberemos se a tendência se mantém e a que nível".
Cumprimento com cotovelos?
Sobre o cumprimentos com o cotovelo, Graça Freitas contraria a ideia de que este poderá ser um ato de risco, uma vez que se trata de um "comportamento muito rápido" e "lateral". "Um contacto de alto risco implica um confronto face a face durante mais minutos", defendeu, considerando o contacto de cotovelos um comportamento "muito fugaz e de baixo risco".
Recorde aqui a conferência de imprensa na íntegra: