"Estamos apreensivos". Aumento de contágios "acabou por ser mais precoce"

Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública admite que o aumento do número de casos de infeção pelo novo coronavírus aconteceu mais cedo do que o previsto e alerta para a necessidade de serem reforçados os meios de resposta no combate à propagação do vírus.

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Melissa Lopes
18/09/2020 09:15 ‧ 18/09/2020 por Melissa Lopes

País

Pandemia

Portugal registou esta quinta-feira 770 novos infetados pelo novo coronavírus, o que representou o maior número de novos casos diários desde 10 de abril, altura em que o país se encontrava em estado de emergência. Os dados fizeram soar os alarmes, levando António Costa a convocar o gabinete de crise para uma reunião com carácter de urgência esta sexta-feira em São Bento.

Em declarações ao Notícias ao Minuto, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública fala de apreensão e confessa que o agravamento da situação epidemiológica no país acabou por acontecer mais cedo. 

"Estamos apreensivos com o aumento do número de casos. Sabíamos que era provável um aumento, perante o regresso de férias, a retoma da atividade letiva e a típica circulação de vírus respiratórios no outono/inverno", afirma, admitindo que  "este aumento acabou por ser mais precoce". 

Certo é que estes dados ainda não refletem o impacto, por exemplo, do regresso às aulas que só se verificará dentro de duas semanas. "Tal como os impactos nos internamentos, cuidados intensivos e mortalidade, que são diferidos no tempo em relação à subida dos casos diagnosticados", lembra o especialista em Saúde Pública do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

No que toca a medidas, Ricardo Mexia diz ser "fundamental o reforço dos meios de resposta". "Concretamente, nas Unidades de Saúde Pública é fundamental ter capacidade para fazer a vigilância epidemiológica em tempo útil", algo que não se tem verificado porque os meios são escassos para a dimensão do problema que "com o aumento do número de casos é cada vez mais difícil".

Dando como exemplo a situação verificada na periferia de Lisboa há uns meses, em que foi notória a escassez de meios no combate à propagação do vírus, o especialista defende a implementação de equipas multidisciplinares, como veio a acontecer na capital. "É um bom exemplo. E agora, com as escolas, vão ser ainda mais necessárias", defende. 

Ao Notícias ao Minuto, Ricardo Mexia diz ainda que é cedo para afirmar se o país já está a enfrentar uma segunda vaga da doença, sublinhando, contudo, que essa não é uma questão "muito relevante do ponto de vista técnico". 

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