"Estamos num momento de muito improviso nas medidas da Saúde Pública"
Francisco Louçã comentou as incidências da pandemia da Covid-19 em Portugal no seu espaço habitual na SIC Notícias. "É muito provável que, na próxima semana, com esta intensidade de densidade de contactos haja mais de mil casos por dia", disse, dando "razão" a António Costa.
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País Francisco Louçã
Dois dos temas em cima da mesa no habitual comentário das sextas-feiras de Francisco Louçã, na SIC Notícias foram a reunião do gabinete de crise convocada por António Costa, que decorreu esta sexta-feira, e a pandemia da Covid-19 no nosso país. O economista começou por referir que "foram anunciadas algumas medidas sobre este estado de contingência generalizado" e "a situação é muito preocupante", tendo o primeiro-ministro "razão". "É muito provável que, na próxima semana, com esta intensidade de densidade de contactos haja mais de mil casos por dia".
Louçã destacou ainda que "Portugal tem mais casos ativos agora do que a Alemanha, que tem oito vezes a população" do nosso país. "É certo que é um problema europeu, nós estamos com 300 mil novos casos na semana passada, mais do que no princípio e no auge daquela primeira vaga da pandemia na Europa", advogou. "Há uma pressão grande e ela vai aumentar".
Para o também fundador do Bloco de Esquerda, "as medidas tomadas têm sido muito de prevenção e de aviso: a margem que há para medidas de contenção de comunicação e de contacto entre as pessoas é muito estreita", uma vez que "não vai haver um novo confinamento" e "as aulas abriram".
"É certo", prosseguiu, "que subiu ligeiramente - e de uma forma preocupante - o número de casos de morte por dia, mas ainda é um número que mostra que o Serviço Nacional de Saúde pode responder bem, se houver um aumento de procura de pessoas que estejam com sintomas".
O comentador enumerou em seguida o que adjetivou de "problemas". Primeiro, "a abertura das aulas" com "muito nervosismo da parte dos pais, totalmente compreensível". "Não funcionou ainda bem todo o esquema de reorganização, foi muito improvisado", opinou, acrescentando que "o Governo preferiu não usar o recurso para outras instalações - pavilhões, ginásios - para desdobrar. Acho que fez mal".
"Houve depois o problema de Fátima, que, evidentemente, não cumpriu as regras". "Curioso", nas palavras de Louçã, foram os factos de não ter havido "outdoors do PSD, marchas lentas à portas ou protestos". "E se tivessem cumprido as regras do Avante! o problema não tinha existido". Agora, a discussão é "sobre o que acontecerá a 13 de outubro: se se cumprirem essas regras com esse cuidado, é muito melhor do que as acumulações de pessoas que ocorreram neste 13 de setembro".
Assim, e em suma, o economista defendeu que "do ponto de vista da pandemia, estamos num momento de grande dificuldade, muito improviso nas medidas da Saúde Pública e de preparação do país" e, "rapidamente, tem de se recuperar o terreno porque vamos entrar no período da gripe normal, mais a Covid que vai aumentar".
Remodelação Governamental e Inquérito a Reguengos
Francisco Louçã comentou ainda a remodelação governamental que ocorreu esta semana - e em que a mais 'sonante' alteração foi a exoneração de Jamila Madeira na pasta da Saúde, entrando António Lacerda Sales para o seu cargo. "Houve uma mini-remodelação e um caso que convém não esquecer: ficámos a saber - manchete do Expresso na semana passada - que, afinal, não houve inquérito ao caso de Reguengos feito pelo Ministério".
"Se o primeiro-ministro disse, se não me engano, dia 13 de julho há um inquérito, dia 16 é entregue ao Ministério Público, ele foi enganado pela Ministra, não há nenhuma outra explicação. O primeiro-ministro não inventaria isso, a Ministra ter-lhe-á dito que assim foi. E isso, creio, justificava alguma atenção porque era um caso suficiente pelo impacto e pela vulnerabilidade do primeiro-ministro com uma declaração falsa, se assim for, a ministra deveria ter sido substituída", disse na antena da SIC Notícias.
Sobre as alterações propriamente ditas, o economista defendeu que houve uma "surpresa na Saúde", mas "era de esperar que fosse necessária uma componente de organização técnica mais do que de discurso político que era, porventura, o que Jamila Madeira representava ali".
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