O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu, na noite desta quarta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que os lares de idosos continuam a ser das maiores preocupações do Governo, na luta contra a pandemia da Covid-19 e que o Executivo está a fazer de tudo para os "defender".
"Essa é uma nossa preocupação, a proteção das faixas mais vulneráveis. Os lares inserem-se na comunidade e, apesar de viverem muitas vezes numa bolha comunitária, muitas vezes refletem o que é a própria evolução epidemiológica da zona e região onde se serem", começou por justificar Lacerda Sales, quando questionado sobre os surtos em 74 lares de idosos, espalhados um pouco por todo o país, e onde o número de óbitos é uma preocupação desde o início da pandemia.
"Os idosos precisam é de quem os defenda e é isso que este Governo está a fazer e que irá continuar a fazer", atirou ainda sobre o mesmo assunto, recordando a "testagem massiva" dos funcionários dos lares, e a "identificação, a isolamento e proteção" dos utentes dos lares quando assim é necessário.
1700 casos por dia em Portugal já em outubro?
Questionado sobre as previsões da consultora Oliver Wyman, que desenvolveu um modelo para estimar a evolução da pandemia a nível global, e que apontam para um novo pico de Covid-19, em Portugal, que ultrapassa os 1700 casos diários já em outubro, o governante disse apenas que "temos de preparar o pior e esperar o melhor, garantidamente".
Ainda sobre esta questão, Lacerda Sales afastou, para já, a ideia de segunda vaga, comparando um gráfico da situação epidemiológica de Espanha e outro de Portugal.
"A interpretação de segunda vaga é muito subjetiva. O que há é um crescimento epidémico sustentado de casos, isso é uma realidade. Estamos a tomar medidas para combater esse crescimento", sublinhou.
Máscaras em espaços públicos abertos mantém-se como recomendação
Já sobre a possibilidade de tornar obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos abertos, como fizeram outros países, como a vizinha Espanha, Lacerda Sales recusou responder "com certeza" recordando que "a evidência científica de hoje é o erro rectificado de amanhã" e que, por isso, não pode garantir "aquilo que vai acontecer amanhã" .
"A evidência científica é muito volátil", afirmou, explicando que "aquilo que o Governo tem de fazer é acompanhar a evidência científica e aquilo que nos parece melhor, neste momento, é de facto o uso de máscaras em espaços fechados e recomendação em espaços abertos quando não é possível garantir a distância física".
"Nós precisamos voltar à vida"
Ainda na antena da SIC Notícias, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde descartou a hipótese de confinamento, pelo qual alguns países estão a optar.
"Neste momento nós não precisamos de confinamento, precisamos é de voltar à vida. É evidente que vamos tomar as medidas mais certas de acordo com a evolução epidemiológica, aliás esse tem sido o paradigma deste Governo, mas neste momento não está sobre a mesa", esclareceu.
Semáforos nas freguesias/concelhos mais afetados "pode vir a ser uma opção"
Sobre a colocação de dispositivos, semelhantes a semáforos, que indicam as freguesias ou concelhos mais afetados pelo novo coronavírus, Lacerda Sales assumiu que "essa podia vir a ser uma opção" e que o Governo já está a estudar essa possibilidade e a avaliar se essa é a melhor opção.
Adeptos nos estádios? "Quando for a altura certa e não sabemos quando será"
Já no fim da entrevista, o número dois na equipa ministerial da Saúde afastou a hipótese do regresso dos adeptos aos estádios em breve, tendo em conta a situação epidemiológica e a tendência crescente de casos de infeção por Covid-19 em Portugal.
"O comportamento no futebol é de grandes emoções e paixões e diferentes níveis de atividade da cultura têm comportamentos diferentes das pessoas. Os adeptos portugueses sabem-se comportar, são disciplinados e têm consciência cívica. Quando for a altura certa e não sabemos quando será, abriremos os estádios. Para já, com estes números e com a tendência crescente, não é previsível que tal aconteça", explicou
Leia Também: Assistência a lares continuará a ser feita pelos "médicos de família"