Após ter sido revelado o boletim epidemiológico desta sexta-feira, começou a conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus em Portugal. Esta conta hoje com a Ministra da Saúde, Marta Temido, com a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, e com Raquel Guiomar do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
A governante apontou que a região de Lisboa e Vale do Tejo "representa 56,2% dos novos casos" registados e o Norte "29,3%". A taxa de letalidade situa-se nos 2,7% e uma taxa de letalidade acima dos 70 anos de 13,8%.
Do total de casos confirmados de Covid-19 até à data, "65,2% são pessoas que já recuperaram, 31,2% são pessoas que estão com doença ativa em casa, há 0,9% de hospitalizações", fez ainda menção.
Há, neste momento, "287 surtos ativos no país". Destes, 124 no Norte, 31 no Centro, 93 em Lisboa e Vale do Tejo, 17 no Alentejo e 22 no Algarve. Marta Temido, na sua declaração inicial, revelou ainda que a taxa de incidência calculada a sete dias "situa-se agora nos 47,4 novos casos por 100 mil habitantes" e a taxa de incidência a 14 dias nos "89,8 casos por 100 mil habitantes".
O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) atualizou os números para a estimativa de cálculo do RT e "estima agora o valor médio para os dias 16 a 20 de setembro em 1,09", um "pouco mais baixo do que nos dias anteriores".
Já sobre os testes, a ministra da Saúde afirmou que "continuamos a realizar um número crescente por dia", sendo que em setembro "foi feita uma média de 18.238 testes por dia". O dia 16 de setembro foi, até agora, o dia com mais testes, com 23.453. Do total, 48% são realizados em laboratórios públicos.
"O Ministério da Saúde irá atualizar hoje o preço dos testes pagos pelo Serviço Nacional de Saúde às entidades convencionadas da área da patologia clínica/análises clínicas para diagnóstico laboratorial" à Covid-19, e "o valor definido resulta de informação técnica" e de "redução de custos", disse.
Testes? "O de referência [...] é o de PCR em tempo real"
Raquel Guiomar, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, destacou que "importa agora fazer um ponto de situação em relação ao que existe" em relação a testes e "ao que é recomendado". O "teste de referência [...] é o de PCR em tempo real", que "permite ter um resultado com elevada fiabilidade, muito sensível e específico".
"Existem também testes que permitem avaliar os anticorpos e a imunidade para este novo vírus", acrescentou a especialista, acompanhando que "estes são recomendados essencialmente para avaliar a presença de anticorpos a nível populacional".
Em referência aos testes rápidos, Raquel Guiomar disse que "no início da pandemia estiveram já a ser avaliados" pelo INSA mas, "devido à falta de coincidência de resultados com o método de referência não foram, à data, recomendados".
Está agora a ser avaliada uma "nova geração destes testes" que "têm vantagens, permitem obter um resultado de forma rápida, são de baixa complexidade de execução e permitem fazer o diagnóstico perto do doente". No entanto, têm critérios "muito específicos para a sua seleção", que serão "oportunamente definidos pelos peritos".
"Surtos em escolas têm sido de pequena dimensão"
Questionada sobre a pandemia nas escolas, Graça Freitas tomou a palavra para explicar que "quando apenas acontece um caso, esse caso pode não vir detetado e sinalizado na nossa grelha de surtos, porque é um caso individual. Pode originar, no entanto, que alguns contactos vão para casa". Por outro lado, "há circunstâncias em que, por exemplo, é uma determinação não sa Saúde mas da Educação o encerramento de algumas salas por razões profissionais", explanou.
"O início do ano letivo está a ser bastante pacífico do ponto de vista do número de casos e até do número de surtos. Há muito poucos casos relatados e quando existem surtos em escolas têm sido de pequena dimensão", considerou a Diretora-Geral.
Já 4.914 profissionais de saúde contraíram Covid-19
Já 4.914 profissionais de saúde contraíram a Covid-19 desde o início da pandemia, avançou ainda a Diretora-Geral da Saúde. O grupo mais atingido foram os enfermeiros, com 1.418 casos, seguido dos assistentes operacionais (1.395) e dos médicos (623).
"A boa notícia", adiantou também, é que "mais de quatro mil destes profissionais foram dados como recuperados em relação à doença que tiveram".
"Estruturas residenciais para idosos e mais vulneráveis" são preocupação
Marta Temido destacou, em seguida, que "desde a primeira hora, que as estruturas residenciais para idosos e os mais vulneráveis" têm "estado no foco da nossa principal preocupação". Há, de momento, 76 lares com doentes infetados e temos 47 surtos ativos nas estruturas residenciais para idosos.
"Nós tivemos algures em abril passado 365 estruturas com casos ativos, hoje temos este número de 76. É uma situação que continua a ter o principal foco, mas quero sublinhar que o sucesso destes casos depende de intervenções múltiplas", apontou a governante.
Semáforos? Portugal destaca-se "pela abordagem não estigmatizante"
Questionada acerca dos 'semáforos' para concelhos e/ou freguesias alertando qual o risco de contágio do novo coronavírus, a ministra da Saúde afirmou que "essa é uma nomenclatura que está a ser usada em alguns países europeus" e que, neste momento "o que estamos a fazer é trabalhar no plano da Saúde para o outono/inverno que tem diversos enquadramentos, mas que não tem esse enquadramento específico".
"As cores, como em tudo na vida, têm algumas limitações", defendeu, acrescentando que "temos que perceber que é uma alternativa utilizar um sistema que seja mais percetível sob o ponto de vista visual, mas que temos de robustecer essa classificação por outros critérios". Portugal "tem-se destacado pela proporcionalidade das suas medidas", mas também "pela abordagem não estigmatizante", considerou Temido.
Portugal está na "terceira fase" da Covid-19
Acerca das 'fases' da pandemia, Marta Temido recordou as declarações de Baltazar Nunes numa das conferências da semana passada. "Alguns países enfrentaram, como a Espanha, uma primeira vaga, depois atingiram um nível perto da base e agora estão, claramente, numa segunda fase", frisou, apontando que a análise das curvas epidemiológicas de Portugal "merecem outro tipo de análise".
"Aquilo que se evidencia é que tivemos uma primeira subida, nunca atingimos a base e agora estamos num terceiro momento. Não sei se é tecnicamente correto chamar-lhe segunda, eu diria que é uma terceira fase. Pelo menos, é uma terceira fase daquilo que nós temos enfrentado no terreno em termos de sistema de Saúde: a primeira fase foi em março/abril, a segunda fase foi muito acentuada em junho e julho em Lisboa e Vale do Tejo e, agora, temos uma situação novamente de aumento da incidência", terminou.
Reveja a conferência na íntegra:
[Última atualização às 15h38]