"A atual pandemia de covid-19 está a ser sustentada através da transmissão de humano para humano. As infeções animais com SARS-CoV-2 foram relatadas por vários países, sendo que várias espécies animais são comprovadamente suscetíveis à infeção por SARS-CoV-2 naturalmente ou por infeção experimental", lê-se num documento divulgado hoje pela DGAV, suportado em orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Nesta informação, a DGAV notou que, segundo estudos experimentais, os suínos e as aves não são suscetíveis à infeção, ressalvando que são necessários mais estudos para compreender como é que as diferentes espécies animais podem ser afetadas pelo vírus.
Para esta direção-geral "é importante monitorizar as infeções em animais" para compreender o impacto para a saúde animal, humana e biodiversidade.
No entanto, a DGAV vincou que as avaliações, estudos e investigações epidemiológicas "não sugerem que animais vivos ou produtos animais desempenham qualquer papel na infeção" por SARS-CoV-2.
As espécies que apresentam suscetibilidade alta de infeção experimental são os furões, morcego-da-fruta-egipcío, hamsters sírios dourados e macacos.
Os gatos domésticos, por seu turno, têm uma suscetibilidade alta de infeção experimental ou natural, enquanto os tigres, leões, martas e visons revelam uma vulnerabilidade alta por infeção natural.
Por último, os cães revelaram ter uma sensibilidade baixa à infeção natural e experimental.
Já no que se refere à transmissão, gatos, furões, hamsters e morcegos-da-fruta-egipcios podem transmitir o vírus entre a própria espécie, enquanto tigres e leões podem passar a infeção entre animais e as martas e visons entre animais e "eventualmente animais e humanos".
O documento revelou ainda que suínos, aves de capoeira e cães não transmitem o vírus.
"As informações sobre cadeias de transmissão do SARS-CoV-2 entre animais são limitadas. No entanto, como noutros vírus respiratórios, parece ser transmitido aos animais e entre animais por contacto direto", sublinhou.
O período de incubação em animais, em ambientes laboratoriais, "parece ser semelhante ao observado em humanos" -- entre dois e 14 dias -, e os infetados apresentam a presença do vírus no aparelho respiratório e, em alguns casos, lesões na traqueia e pulmões.
A DGAV apontou também a existência de relatos esporádicos de infeção em animais de companhia e selvagens em cativeiro, sendo que, no que se refere aos animais de produção, o vírus tem afetado apenas explorações de martas, com alta morbilidade e baixa mortalidade".
As pessoas suspeitas ou infetadas com o novo coronavírus devem restringir assim o contacto com mamíferos, incluindo animais de estimação, e, por sua vez, os animais infetados devem permanecer separados de outros animais ou humanos, embora não existam provas de que "os animais de companhia estejam a desempenhar um papel epidemiológico nesta doença humana".
Neste sentido, "se as pessoas suspeitas ou doentes tiverem que cuidar dos seus animais, devem manter boas práticas de higiene e usar uma máscara", concluiu.
A DGAV é um serviço central da administração direta do Estado, com autonomia administrativa.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.963 pessoas dos 74.717 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.