"news_bold">"Como todo o mundo, os portugueses perceberam ainda mais com a pandemia a importância da ciência; quando se procura desesperadamente uma vacina e um tratamento para esta pandemia tem-se a exata noção da importância da ciência e do planear a ciência a prazo", afirmou hoje o chefe de Estado, à margem do encontro 'Ciência e Inovação - Construir o Futuro de Portugal', no Antigo Picadeiro Real, em Lisboa.
Com a proposta de um pacto de regime para a ciência e inovação entre 2020 e 2030 por um movimento de cientistas, investigadores e empresários como contexto, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a iniciativa e vincou a necessidade de diálogo da sociedade civil com o governo para trabalhar no futuro do setor.
"Portugal está dentro desse desafio: apostar na ciência, na inovação e no conhecimento para ser mais forte, mais justo e para corresponder àquilo que a Europa e o Mundo desejam, que é oferecer melhores condições sociais, económicas e culturais a todos os cidadãos", notou, perante a presença do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Siza Vieira, e do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Subscrito por 65 investigadores, empresários e gestores, e tendo por base um primeiro manifesto divulgado em julho, o documento hoje divulgado à imprensa propõe que Portugal aproveite "um momento em que outros países, por razões políticas e sociais, serão menos apelativos", e tente "captar e reter o melhor talento a nível mundial" para ter empresas mais inovadoras.
Os subscritores do documento, entre os quais se contam cientistas como Elvira Fortunato ou Sobrinho Simões, entendem que "Portugal está longe de se poder orgulhar" de dar um papel de destaque à Ciência e Inovação e defendem uma lei de programação ou pacto de regime para o setor, visando inverter a situação.
Questionado também sobre os últimos dados da pandemia de covid-19, num dia em que o país superou a marca dos 2.000 óbitos e registou o pior fim de semana em termos de novas infeções desde o início do surto pandémico, em março, o Presidente lembrou a previsão feita há cerca de duas semanas sobre o possível cenário de 1.000 novos casos diários, mas deixou patente a sua confiança no trabalho das autoridades sanitárias.
"Neste momento, não há stress sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), no sentido em que nem nos internados nem nos cuidados intensivos estamos a atingir o que se chama agora 'linhas vermelhas', e muito menos 'linhas vermelhas' em termos de óbitos. Mas as autoridades sanitárias já disseram da sua preparação para o caso, que esperemos não venha a ocorrer, de ser necessário alargar a capacidade de internamento", observou.
Considerando "prematuro" discutir essa situação e um possível pedido "a outras componentes do sistema de saúde para assumirem as patologias não-covid" ou de "outras formas de reforço de internamento", Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou a evolução atual em Portugal numa realidade mais abrangente a nível europeu.
"Estamos a assistir a um fenómeno na Europa - e em alguns países com uma gravidade extrema -, de aumento de infetados. Portanto, significa uma evolução ainda negativa da pandemia, uma aceleração que corresponde à transição outono/inverno, à atividade social aberta e à abertura das escolas. Nesse sentido, é uma realidade em que Portugal, embora com valores inferiores a outros países, acompanha o mesmo processo", concluiu.
Portugal contabiliza pelo menos 2.005 mortos associados à covid-19 em 79.151 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e trinta mil mortos e mais de 34,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.