Açores. Maiorias absolutas do PS não têm sido "fonte de estabilidade"
O coordenador do Bloco de Esquerda (BE) nos Açores, António Lima, declarou hoje que as maiorias absolutas do PS/Açores, que governa o arquipélago há 24 anos, não têm sido "fonte de estabilidade" para os açorianos.
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Política Bloco de Esquerda
"Quando ouço o presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, dizer que é necessária estabilidade na próxima legislatura, há que dizer que as maiorias absolutas do PS não têm sido, de forma alguma, fonte de estabilidade para as pessoas", declarou António Lima à agência Lusa.
O também primeiro candidato nas legislativas regionais dos Açores do próximo domingo, por São Miguel e pelo Círculo Regional de Compensação, hoje, em campanha na ilha Terceira, recorda que nos Açores existem "31,8% das pessoas em risco de pobreza, o que não significa estabilidade".
António Lima recorda a Vasco Cordeiro que existe uma "enorme precariedade na região, pessoas que vivem de programa em programa ocupacional ou de contrato em contrato a prazo, o que não é estabilidade na vida das pessoas".
O candidato aponta também o indicador de abandono escolar precoce, uma vez que, em 2019, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os Açores registaram a maior taxa de abandono escolar precoce do país (27%), quando a média nacional foi de 11%.
"Estabilidade é resolver os problemas às pessoas, ter propostas que respondam às necessidades, é combater a precariedade. E é isso que o BE tem feito, dar efetivamente estabilidade à vida das pessoas", declarou António Lima.
O líder do BE/Açores dedicou hoje o dia de campanha à habitação na ilha Terceira, setor onde "as políticas têm sido casuísticas, sem resolver o problema de fundo, havendo muita gente que não consegue aceder a uma habitação".
António Lima deslocou-se, entre outros, ao Bairro de Santa Rita, no concelho da Praia da Vitória, construído na década de 1950, em terrenos alugados, para acolher militares norte-americanos colocados na base das Lajes, numa altura em que o parque habitacional da ilha Terceira tinha uma capacidade limitada.
Na década de 1990, as casas foram vendidas a portugueses, mas os terrenos nunca chegaram a ser comprados e o diferendo entre moradores e proprietários arrastou-se durante anos nos tribunais, tendo o BE/Açores apresentado no parlamento regional uma proposta para o Governo Regional intervir, em conjunto com a Câmara Municipal da Praia da Vitória, para que se "regularizasse a situação e se apoiasse os moradores".
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.
O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.
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