Na audição ao ex-diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, marcada até agora pela exaustiva verificação de mais de uma centena de documentos relativos aos 307 acessos imputados pela acusação ao arguido ao sistema informático da Procuradoria-Geral da República, o momento de análise desse ficheiro foi alvo de uma piada da representante do MP.
"Está aqui o meu número de telemóvel, se alguém precisar", disse Marta Viegas, imediatamente a seguir a Amadeu Guerra confirmar que o documento encontrado num dos dispositivos apreendidos a Rui Pinto e apresentado pelo MP continha a identificação da procuradora.
Contudo, a posse dessa informação deverá ser uma casualidade entre a identificação de outros magistrados, já que à data dos acessos efetuados ao sistema da PGR, entre o final de 2018 e o início de 2019, ainda não era sabido que Marta Viegas seria a procuradora representante do MP no julgamento do processo 'Football Leaks'.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.