O Sindicato Democrático de Enfermeiros de Portugal (Sindepor) vai anunciar esta sexta-feira uma semana de greve, numa altura marcada pelo agravamento da pandemia no país.
Numa publicação feita nas redes sociais, o sindicato informa que "cumpridos os pressupostos legais", a greve está convocada para a segunda semana de novembro.
"Conhecemos os riscos e estamos preparados para a reação, será mais uma batalha e mais uma vez estaremos firmes", pode ler-se na nota do sindicato, que considera a paralisação se justifica agora "mais do que nunca".
O sindicato justifica a greve com os problemas laborais que se têm agravado com a pandemia.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, disse ter a certeza de que a população estará ao lado dos enfermeiros, que "têm feito muitos sacrifícios ao longo dos anos"
"Os utentes que já recorreram ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) sabem bem os sacrifícios que os enfermeiros portugueses sempre fizeram e continuam a fazer. Com a pandemia descontrolada, também serão os primeiros ao compreender como é que os enfermeiros se sentirão", afirmou.
Carlos Ramalho disse que os enfermeiros estão "numa situação muito crítica": "Estamos a falar de um processo longo, de muitos anos, em que os problemas dos enfermeiros não foram resolvidos".
"Por muito que o Governo anuncie que contratou mais enfermeiros, esses contratos são altamente precários. A situação é cada vez mais precária e não pode continuar a assim", afirmou o responsável, sublinhando que Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com menor número de enfermeiros por 1.000 habitantes.
"Numa fase destas [pandemia de covid-19] a sobrecarga é tal que os enfermeiros já não conseguem aguentar mais", acrescentou.
Esta quinta-feira, Portugal ultrapassou a barreira dos três mil casos de contágios, prevendo-se que esses números diários continuem a aumentar. O agravamento da situação epidemiológica a crescer aumenta também a pressão nos hospitais com os internamentos a subir a cada dia, em especial nas zonas mais atingidas pela Covid-19.