"Foi uma decisão sensata, devido à situação atual de surto na comunidade", disse Rui Sá, lembrando que já havia várias turmas em casa na modalidade de ensino à distância e que não estavam a ser servidas refeições em nenhuma das escolas do agrupamento.
Com a decisão de fechar todos os estabelecimentos de ensino do concelho de Vila Viçosa, no distrito de Évora, tomada na quinta-feira, "só foi preciso estender a modalidade de ensino à distância aos restantes alunos" do AEVV que ainda estavam a ter aulas presenciais, explicou.
Segundo Rui Sá, enquanto os estabelecimentos estiverem fechados, as atividades letivas e não letivas vão decorrer na modalidade de ensino à distância, "com obrigatoriedade do dever de assiduidade por parte dos alunos, de acordo com o horário de cada turma".
"Espero que seja por pouco tempo, porque é preferível e mais importante que as atividades letivas decorram em regime presencial", frisou.
Rui Sá disse que "já havia alguns pedidos, nomeadamente da associação de pais", para o encerramento das escolas do AEVV: "A proposta foi feita na quinta-feira à tarde pelo delegado de saúde e logo aceite pela diretora-geral da Saúde".
"Logo na quinta-feira à noite, assim que teve conhecimento da decisão", o AEVV divulgou-a publicamente e "hoje de manhã praticamente todos os pais" dos cerca de mil alunos do agrupamento estavam avisados.
Segundo Rui Sá, até hoje, há oito casos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19 confirmados na comunidade escolar do concelho de Vila Viçosa, nomeadamente seis alunos, uma educadora de infância e um assistente operacional.
Entre os seis alunos infetados, há três do 3.º ciclo do ensino básico e dois do secundário, que frequentam a Escola Secundária Públia Hortênsia de Castro, em Vila Viçosa, e um da Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico de São Romão.
Devido aos casos de infeção registados, já tinham fechado os jardins-de-infância de Pardais e de São Romão e também a Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico de São Romão, com os respetivos alunos a terem aulas à distância.
Também os alunos do 3.º ciclo do ensino básico da Escola Secundária Públia Hortênsia de Castro já estavam a ter aulas na modalidade de ensino à distância.
Rui Sá explicou que o assistente operacional infetado trabalha na cozinha da escola sede do AEVV, a Secundária Públia Hortênsia de Castro, onde são confecionadas as refeições para todas as escolas do agrupamento.
Após a confirmação da infeção do assistente operacional, os colegas diretos foram testados e tiveram de ficar em isolamento profilático. Por isso, a cozinha fechou e o AEVV deixou de servir refeições em todas as escolas.
Por este motivo, que afetava sobretudo alunos provenientes das freguesias rurais do concelho, também os alunos da Escola do 2.º Ciclo do Ensino Básico D. João IV foram para casa e passaram a ter aulas na modalidade de ensino à distância.
Em declarações hoje à Lusa, a presidente da Associação de Pais do AEVV, Susana Roma, disse concordar com a decisão, por ser "a mais correta", embora a tenha deixado "preocupada".
"Acredito que é a decisão mais correta e que a Direção-Geral da Saúde a tenha tomado de acordo com os números que tem", disse Susana Roma, frisando que "os alunos poderiam ser um meio de contágio alargado" e, com as escolas fechadas, "será possível controlar melhor a situação" de surto na comunidade.
"Mas é uma decisão que me deixa preocupada [...]. Para chegarem a uma medida destas é porque o concelho de Vila Viçosa deve estar a viver uma situação difícil", frisou.
A decisão foi divulgada "um pouco em cima da hora, mas foi quando o AEVV teve conhecimento" e, devido à pandemia, "há decisões a serem tomadas a toda a hora, as pessoas têm de se adaptar e os pais e os alunos já estavam preparados para uma situação destas".
"Já não é uma novidade", disse, referindo esperar que os pais que têm de ficar em casa a acompanhar filhos até 12 anos possam beneficiar do mesmo regime em vigor durante o período em que as escolas estiveram fechadas no ano letivo passado.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo indicou que, de acordo com a atualização de dados de quinta-feira da Autoridade de Saúde Pública, há 63 pessoas infetadas no concelho de Vila Viçosa referentes a um surto relacionado com valências da Santa Casa da Misericórdia local, mais 10 do que na quarta-feira.
Neste total, segundo a ARS do Alentejo, estão incluídos 29 utentes de unidades da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, nove funcionários da instituição e 25 pessoas da comunidade.
A Câmara de Vila Viçosa, numa publicação na quinta-feira na sua página na rede social Facebook, indica que existem no concelho 71 casos ativos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde, mais 12 do que na quarta-feira, sem precisar quais são referentes ao surto.