O bastonário da Ordem dos Médicos já reagiu aos números recorde atingidos hoje no que diz respeito a novos casos (4.656), óbitos (40, um novo máximo) e internamentos - 1.927 em enfermaria e 257 em unidades de Cuidados Intensivos -, referindo que apesar de surpreenderem muitas pessoas, "eram "previsíveis" para a comunidade médica.
De acordo com o bastonário, este aumento exponencial de contágios está a provocar "uma pressão absolutamente extraordinária" sobre o SNS e a culpa, atirou em entrevista à SIC Notícias, é "de não se ter apostado a sério na Saúde Pública"
Durante a conversa, Miguel Guimarães revelou que "no Norte muitos hospitais já atingiram ou estão a atingir um limite em termos de internamentos e cuidados intensivos", portanto, "temos a necessidade de ampliar a oferta de cuidados de saúde aos nossos doentes porque esta situação, mesmo com as medidas que possam ser decretadas no sábado, não se resolve de um dia para o outro".
"As medidas são todas importantes, podem é não ser suficientes"
Questionado sobre as eventuais medidas que o Governo está a discutir com os partidos, esta sexta-feira, para anunciar ao país no sábado, após o Conselho de Ministros extraordinário, Miguel Guimarães salientou que "as medidas são todas importantes, podem é não ser suficientes".
"Os mapas de risco são fundamentais para reduzir o número de contágios porque a divulgação destes envolve e motiva mais os cidadãos e dá uma informação necessária para se protegerem e protegerem os outros. Desta forma, os cidadãos aceitam melhor um confinamento, porque percebem as medidas que o Governo está a tomar", começou defender.
Já quanto ao teletrabalho, o responsável disse que, "neste momento, é absolutamente essencial para quem puder estar", mas, sublinhou que é igualmente "importante um desfasamento de horários" e que, apesar de isto ter sido aconselhado, tanto o público como o privado não o cumpriram como deviam.
Sobre o fecho de escolas e o ensino à distância, apesar de achar que "o Governo poderia ir mais longe", Miguel Guimarães assume que concorda que "não faz sentido fechar as escolas para os mais jovens, neste momento", mas tem dúvidas sobre se o Governo não o devia fazer com as turmas do 11º. e 12º. ano, "porque estamos a falar de pessoas que se movem, que fazem festas. Esta seria uma oportunidade para reduzir os contágios", frisou.
Antes de terminar a sua intervenção, Miguel Guimarães deixou dois recados ao Governo de António Costa. Primeiro, apelou ao "reforço claro daquilo que é a disponibilidade nos transportes públicos". "Mais carruagens no metro e comboios e mais horários nos autocarros. Temos que gastar algum dinheiro agora, não podemos ficar aqui presos em não investir porque quando mais depressa o fizermos, mais depressa a economia volta a circular", esclareceu.
E deixou claro que o país não tem de fechar, mas o Executivo tem de obrigar as pessoas a cumprirem as normas sanitárias e de prevenção de contágios. "Nós todos sabemos que uma grande parte das infeções acontecem quando estamos desprotegidos [sem máscaras]. É fundamental ter uma atenção muito especial aos restaurantes, às festas públicas e privadas e uma resposta robusta. Não é fechar! É obrigar as pessoas a cumprir as medidas tomadas", concluiu.