Medidas do Governo "positivas mas pecam por tardias", defendem médicos
O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Ricardo Mexia, considerou hoje que as medidas adotadas pelo Governo no sábado para travar o avanço da pandemia da covid-19 são "positivas mas pecam por tardias".
© REUTERS/Stephane Mahe
País ANMSP
Em declarações à agência Lusa, Ricardo Mexia afirmou que, em relação ao reforço de meios do Serviço Nacional de Saúde (SNS) anunciado no sábado pelo Governo, este devia ter sido feito "há longo tempo".
"O reforço do SNS é bem vindo, mas devia ter-se aproveitado o período de menor incidência da epidemia para o fazer", precisou.
Em relação às outras medidas adotadas pelo Governo no sábado, Ricardo Mexia defendeu que a comunicação tem de "melhorar muito", afirmando, por exemplo, que é necessário explicar porque é que são proibidos eventos e celebrações com mais de cinco pessoas, salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar, mas são permitidos grupos de até seis pessoas por mesa nos restaurantes.
"A comunicação tem que ser clara, assertiva e coerente" para que a população adote comportamentos de menor risco, frisou o presidente da ANMSP.
Em relação à medida que permitirá, a partir de quarta-feira, à Linha SNS24 emitir declarações provisórias de isolamento profilático por causa da covid-19, que justificam as faltas ao trabalho, Ricardo Mexia defendeu que é necessário assegurar que as pessoas que ali trabalham têm competência para o fazer.
Ricardo Mexia também defendeu que a estratégia da política de testes tem de ser "clarificada".
O Conselho de Ministros decidiu no sábado que 121 municípios vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo "oposição fundamentada" pelo trabalhador, devido à covid-19.
Os restaurantes nestes 121 concelhos têm de fechar até às 22h30 e todos os estabelecimentos comerciais terão de encerrar, na generalidade, às 22h00.
Também nestes territórios - que representam 70% da população residente -, ficam proibidas as feiras e os mercados de levante, e os eventos e celebrações ficam limitados a cinco pessoas, exceto nos casos em que os participantes pertencem ao mesmo agregado familiar.
Os concelhos abrangidos têm mais de 240 casos de infeção com o vírus da covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias e será este o critério que servirá para atualizar a lista de municípios sujeitos a medidas restritivas a cada 15 dias, seguindo um princípio definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Há uma exceção para surtos localizados em concelhos de baixa densidade.
Duas outras medidas aprovadas no sábado abrangem todo o território continental e não apenas estes 121 concelhos: limitação de grupos de seis pessoas nos restaurantes e prolongamento da situação de calamidade por mais duas semanas.
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