Ao início da tarde desta segunda-feira teve lugar a conferência de imprensa de atualização de informação relativa à evolução da Covid-19 no país, momentos após ter sido divulgado o boletim epidemiológico que dá conta de que, nas últimas 24 horas, foram reportados mais 2.506 infetados e 46 óbitos, o número mais elevado de mortos diários já registado em Portugal, desde o início da pandemia.
Graça Freitas, diretora-geral de Saúde, começou a sua intervenção por agradecer a todos os profissionais de saúde e, recordando que faz hoje precisamente oito meses desde que foi identificado o primeiro caso do novo coronavírus no país, a responsável pediu aos portugueses para manterem as recomendações essenciais de prevenção contra a Covid-19 e não cederem à "fadiga pandémica".
"Não podemos baixar a guarda por muito cansados que estejamos (...) Não podemos facilitar e dar passos que nos desprotejam, temos de fazer tudo para não adoecer e, sobretudo, para não sermos propagadores da doença", apelou.
Sublinhando que a curva epidémica está tendencialmente a crescer, Graça Freitas frisou também que todos os cidadãos têm "responsabilidade de achatar a curva epidemiológica". Apesar de "haver poucas opções", a diretora-geral da saúde reiterou que a melhor arma que existe neste momento de combate à Covid-19 "chama-se prevenção".
Contudo, a responsável argumentou que, ainda assim, "temos de continuar a viver" e ir, por exemplo, "ao cinema ou às compras", entre outras atividades: "O que temos de fazer é alterar o nosso estilo de vida e o número de contactos".
"Uma bolha é um sítio isolado, mas não é inviolável"
Sobre as chamadas "bolha de contacto", ou seja, todas as pessoas com quem convivemos, Graça Freitas deixou uma nota advertindo que "uma bolha é um sítio isolado, mas não é inviolável". Esclarecendo os critérios que os cidadãos devem ter para determinar quem faz parte da sua bolha, a diretora-geral da saúde denotou que as pessoas que vivem na mesma casa podem ser consideradas uma bolha, o que não impede que algumas destas "tragam o vírus para casa".
Graça Freitas explicou também que podem existir bolhas nas escolas e no trabalho, "pessoas com quem cada um contacta mais", mas, por exemplo, "familiares que vivam noutras casas" não pertencem à nossa bolha, nem todos os colegas de escola ou trabalho.
Público no futebol? "Não estamos a interromper, só os estamos a suspender"
Questionada sobre a suspensão de público nos jogos de futebol, Graça Freitas admitiu que os "testes piloto correram bem" e esclareceu que "não estamos a interromper definitivamente, só os estamos a suspender".
"Pedimos a todos que interpretem esta fase de achatar a curva como sendo necessário, de facto, agir em todas as direcções. Logo que haja condições, uma vez que o sector se tem comportado de forma controlada, retomarão os testes piloto e será uma felicidade para todos quando tivermos a pandemia numa fase que permita público. Mas, agora, na fase em que estamos é temos de apertar medidas e ter uma maior contenção", justificou.
"Escolas não têm sido uma grande fonte de transmissão"
Quanto à segurança nas escolas, a diretora-geral da saúde adiantou que os estabelecimentos de ensino, num quadro geral, "têm sido locais relativamente seguros" e garantiu que as escolas não têm representado "uma grande fonte de transmissão, sobretudo com crianças mais pequenas".
Graça Freitas revelou, aliás, que o número de casos positivos nas escolas não tem sido superior ao que era esperado e sublinhou que a Direcção-Geral da Saúde tem continuado a trabalhar juntamente com o Ministério da Educação para melhorar a comunicação das normas de combate à Covid-19, não havendo necessidade para já de estabelecer mais regras de prevenção contra o vírus.
"Só sabemos quando chegámos ao pico quando começamos a descer"
Questionada sobre quando é esperado que Portugal antija o pico epidemiológico nesta vaga, Graça Freitas admitiu não ser possível fazer uma previsão, devido à imprevisibilidade da propagação do novo vírus.
"Um dos problemas desta doença é não sabermos isso. Não sabemos o tamanho da montanha e, mesmo em relação à gripe, costumo dizer que só sabemos quando chegámos ao pico quando começamos a descer. Podemos ter a certeza de que estamos a correr uma maratona sem fim, teremos outras ondas", afirmou a diretora-geral da saúde.
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