Centro Hospitalar Lisboa Central com uma taxa de ocupação de quase 73%

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) tem atualmente 181 camas para doentes com covid-19, das quais 132 estavam preenchidas no domingo, uma taxa de ocupação de quase 73%, segundo dados avançado à Lusa pela instituição.

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Lusa
09/11/2020 09:19 ‧ 09/11/2020 por Lusa

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Dos doentes internados às 00:00 de domingo, 110 estavam em enfermaria (mais 10 do que no sábado) dos quais seis em pediatria (mais dois face ao dia anterior). Nos cuidados estavam 22 doentes internados, menos um do que no dia anterior.

Desde o início da pandemia em março, o centro hospitalar registou 142 mortes, 1.289 recuperados e acompanha atualmente 40 doentes no domicílio.

As 181 camas disponíveis neste momento (141 de adultos, 12 de pediatria e 28 de cuidados intensivos) estão localizadas nos hospitais Curry Cabral e D. Estefânia, que acolhem as camas de enfermaria, enquanto os cuidados intensivos estão divididos por estes dois hospitais e o S. José.

Em todos os espaços do centro hospitalar existem circuitos distintos para doentes covid e não covid e são cumpridas as regras de distanciamento e segurança, existindo recipientes com desinfetante em todos os locais para desinfeção das mãos.

"Estamos a cumprir o plano de maneira a que o doente covid seja tratado e possa efetivamente ficar no nosso hospital", mas já houve doentes que foram transferimos para Abrantes e para o Hospital Militar, disse a presidente do CHULC, Rosa Valente Matos.

Também há situações sociais em que o doente tem alta, mas não tem retaguarda familiar e é transferido para outra instituição que o possa receber.

Do relato que tem recebido dos médicos, Rosa Valente Matos diz que os doentes com covid-19 são agora "mais complexos" e a média de internamento é maior.

Esta situação é confirmada pelo diretor clínico do CHULC, Pedro Soares Branco, afirmando que há doentes com "um grau de gravidade elevado", mas a capacidade de os tratar "é muito superior" face ao que era inicialmente.

Ao fim de nove meses de combate à pandemia, os profissionais de saúde estão exaustos, enfrentando este desafio com "muito sacrifício e muito espírito de missão".

"Muitas vezes quando pensamos na linha da frente, pensamos nos médicos e enfermeiros dos cuidados intensivos e obviamente pensamos bem, porque é inequivocamente uma linha da frente, mas há muitas linhas da frente", observou Pedro Soares Branco.

Há as linhas da frente das enfermarias, da urgência, mas também de outros profissionais como "o pessoal do aprovisionamento que é fundamental para o combate à covid" ou "o segurança que está à entrada da urgência", defendeu, comentando que "o desgaste é transversal".

Mas além da exaustão física e psicológica, há a "exaustão moral", que segundo o médico, tem que ser combatida com "mais solidariedade entre os profissionais de saúde".

"Não faz sentido neste momento, por exemplo, que a Medicina Interna e a Infeciologia sejam as únicas armas de arremesso contra a covid-19, têm de ser ajudadas por médicos de outras especialidades", tendo também que haver "espírito de solidariedade" na urgência para que "as especialidades que estão mais diretamente implicadas neste combate estejam um pouco aliviadas".

"Todos os elementos do hospital têm de funcionar como uma equipa" e para tal foi criada "uma escala rotativa de ativação sequencial de outras especialidades para ajudar a Medicina Interna", avançou.

Rosa Valente Matos acrescentou que têm tentado gerir "os recursos com eficiência", mas são necessários mais, principalmente na Medicina Interna, na Infeciologia, nos Cuidados Intensivos, mas também enfermeiros.

"Estamos a fazer todos os esforços para que efetivamente haja mais recursos, a abrir concursos. Assim eles existam no mercado e possam vir para aqui", disse, realçando o esforço feitos pelos "excelentes" profissionais que nunca pararam.

"Estivemos sempre em planalto, este centro hospitalar nunca deixou de ter doentes com covid-19 (...) e é uma preocupação não termos profissionais", lamentou.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e 250 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.896 em Portugal.

 

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