Após ter sido revelado que a vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer mostra mais de 90% de eficácia, o virologista Pedro Simas admitiu que estas podem ser já disponibilizadas até ao final do ano, incluindo em Portugal.
"Talvez, em dezembro já possa haver a vacina disponível", considerou o especialista, ontem à noite, em declarações à RTP.
Explicando que esta vacina, a par da que está a ser desenvolvida pela Moderna, utiliza uma nova tecnologia que leva o tratamento a ser conservado a temperaturas muito baixas (cerca de 80 graus negativos), Pedro Simas argumentou que esta particularidade pode dificultar ligeiramente "a administração e distribuição da vacina pelo mundo".
Ainda assim, o virologista não considerou que esta característica seja um obstáculo para administração da vacina até ao final do ano: "Penso que, na Europa, estamos preparados para esse tipo de vacinas e para fazer com a vacina rapidamente chegue às pessoas, que chegará aos portugueses também".
Mas, ainda que esta nova informação seja uma "ótima notícia", Pedro Simas sublinhou que "é preciso ter alguma cautela também". Segundo o especialista, o comunicado de imprensa sobre a eficácia da vacina carece de informação científica.
"Há muito pouca informação. A informação relativa aos 90% de proteção contra sinais clínicos de infeção nada diz em relação à proteção da infeção no apoio respiratório superior e mesmo dos pulmões. Também não sabemos se vai proteger contra os assintomáticos ou contra a doença severa. Mas, tudo indica que sim", clarificou.
A vacina que está a ser desenvolvida pela Pfizer e pela sua parceira alemã BioNTech está entre 10 possíveis vacinas candidatas em fase final de testes em todo o mundo - quatro delas até agora em grandes estudos nos Estados Unidos. Outra farmacêutica americana, a Moderna, também já disse que espera poder entrar com um pedido na Food and Drug Administration (FDA), o regulador dos medicamentos nos Estados Unidos, ainda este mês.
Note-se que a Food and Drug Administration - entidade reguladora do medicamento - estabelece três condições para aprovar uma vacina: eficácia, segurança, e se a empresa é capaz de a produzir em grande escala. A Pfizer julga que as três condições estarão reunidas até à terceira semana de novembro.