Após um novo recorde diário no número de óbitos devido à Covid-19, Tiago Correia, professor de Saúde Pública, esteve na SIC Notícias a traçar um panorama da pandemia no nosso país. "Os números têm tido esta tendência de crescer ao longo das semanas e não são as notícias que gostaríamos de dar às pessoas. Estamos numa fase muito difícil", começou por apontar.
"A imagem que tenho é a de uma corrida e as pessoas precisam de saber mais ou menos onde está a meta", deu como exemplo, acrescentando: "Não nos podem constantemente dizer que a meta está logo ali e depois, de repente, a meta avança mais uns metros e mais uns metros".
Na intervenção, Tiago Correia advogou que "também para gerir a expectativa das pessoas" é "importante sermos realistas e dizer que, de facto, os próximos dias, as próximas semanas, não vão ser mesmo fáceis". A prioridade imediata é "conter o ritmo da transmissão".
"Há oito meses que estamos com a vida em suspenso. A culpa não é das pessoas, mas, nesta fase, não temos outra solução senão pedir [às pessoas] que adiram às medidas", considerou o professor de saúde pública, recordando a necessidade de ficar em casa e de manter o distanciamento em todas as ocasiões.
Questionado sobre a eficácia das medidas impostas pelo Estado de Emergência - nas quais se insere o recolher obrigatório - Tiago Correia explicou que "mais do que as medidas em si, o que procuram é transmitir uma mensagem para as pessoas". E qual é essa mensagem?
"Não estejam a fazer almoços com pessoas que não façam parte do agregado familiar, não estejam em convívios à tarde, a mesma coisa ao jantar. Foi este o sinal das medidas"
Apesar de reconhecer que "é duríssimo para a restauração", o especialista defendeu que, "possivelmente, este é o último passo antes de termos de fazer um confinamento mais musculado". "Esse confinamento ainda vai ser mais doloroso para toda a gente".
"Estamos mesmo neste limiar e as pessoas precisam de perceber que, não sendo culpa delas, nós agora precisamos que se convençam disso, que percebam que fazem parte da solução", rematou.
Portugal somou, esta quarta-feira, mais 82 mortes relacionadas com a Covid-19 (o maior número de sempre) e mais 4.935 infetados com o novo coronavírus, indicou o boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde (DGS).