Universidade de Évora recorda "um homem à frente do seu tempo"

A reitora da Universidade de Évora (UÉ) lamentou hoje a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, fundador da licenciatura de Arquitetura Paisagista naquela instituição, recordando "um homem à frente do seu tempo".

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© Facebook/ Universidade de Évora

Lusa
11/11/2020 22:58 ‧ 11/11/2020 por Lusa

País

Ribeiro Telles

Numa nota divulgada na página online, onde refere que "foi com profunda consternação que a UÉ recebeu a notícia da morte do arquiteto paisagista", Ana Costa Freitas recorda Ribeiro Telles como alguém "a quem a UÉ e o país muito lhe deve pelos seus ensinamentos, coragem e determinação".

"Há personalidades que conquistam um lugar na História, é com certeza o caso de Gonçalo Ribeiro Telles, reconhecido e premiado internacionalmente pelo seu trabalho, pelo pioneirismo e pela forma coerente que dedicou toda a sua vida", frisou Ana Costa Freitas.

Gonçalo Ribeiro Telles era Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora, tendo recebido o doutoramento Honoris Causa em 01 de novembro de 1994, apadrinhado por Mário Soares.

A nota divulgada pela UÉ refere ainda a coincidência de se completarem hoje "precisamente 45 anos que abriu o bacharelato em Planeamento Biofísico e Paisagístico da UÉ por iniciativa do Arquiteto Ribeiro Telles", formação que passaria a licenciatura "no ano de 1980".

Na UÉ, Gonçalo Ribeiro Telles dirigiu o Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico e orientou vários trabalhos para a obtenção dos graus de licenciatura, mestrado e doutoramento.

"Um dos problemas mais graves do país é a destruição da paisagem. A paisagem do Homem não da máquina, não a dos valores plausíveis de compra e venda" referiu o arquiteto paisagista em 2006, na comemoração dos 40 Anos de Arquitetura Paisagista na Universidade de Évora, evento organizado pelo Núcleo de Alunos daquele curso da mesma Universidade.

O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje, em Lisboa, aos 98 anos, em casa, rodeado pela família.

Nascido a 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles é autor de projetos relevantes em Lisboa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, obra que assinou em conjunto com António Viana Barreto, e que viria a ser distinguido com o Prémio Valmor, em 1975.

Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e iniciou a vida profissional na Câmara Municipal de Lisboa, onde trabalhou com Francisco Caldeira Cabral, com quem viria a publicar "A Árvore em Portugal".

Figura tutelar da defesa da ecologia para fundamentar a intervenção na paisagem e no território, Gonçalo Ribeiro Telles foi o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como ministro de Estado e da Qualidade de Vida, entre 1981 e 1983.

No plano político, participou nas campanhas eleitorais dos movimentos monárquicos populares e, antes do 25 de Abril, foi candidato nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).

No plano cultural, foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura (CNC).

 

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