Movimento 'Pão e Água'. Confrontos entre polícia e manifestantes no Porto
Protesto dos profissionais da restauração contra o recolher obrigatório gerou, na tarde desta sexta-feira, momentos de tensão nos Aliados. É o reflexo do "desespero", diz o porta-voz do movimento 'A Pão e Água'.
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País Covid-19
A manifestação do movimento 'A Pão e Água', agendada para esta sexta-feira, na Avenida dos Aliados, no Porto, gerou momentos de tensão. Como mostrou a SIC Notícias, na tarde de hoje, foram registados confrontos entre a polícia e os profissionais da restauração que estão em protesto contra as medidas de recolhimento obrigatório.
A esta informação, a agência Lusa acrescenta que um grupo de empresários do setor da restauração, bares e comércio arremessaram garrafas contra agentes da PSP e queimaram caixões durante a manifestação.
Este protesto, que começou cerca das 16h, reuniu mais de mil empresários que contestam as medidas impostas pelo Governo, por considerarem que são restritivas, resultou em "desacatos" com a polícia.
Além do arremesso de garrafas contra elementos das forças de segurança, os manifestantes atearam fogo a caixões - simbolizando a morte do setor -, obrigando à intervenção policial e dos bombeiros.
"Isto [desacatos] é o exemplo claro do estado de desespero em que as pessoas se encontram neste momento", afirmou à Lusa Miguel Camões, porta-voz do movimento 'A Pão e Água' e presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto. Os desacatos refletem "o estado de desespero" daqueles que depois de "tantos meses em espírito de sacrifício", não tem "pão para pôr na mesa".
"Convém não perder o foco de que o setor está em grande desespero. Tanto, que se vê em situações destas", referiu, acrescentando que para a manifestação cada pessoa trouxe os objetos com que "se identificava mais para manifestar".
À Lusa, agentes da autoridade no local explicaram que os confrontos começaram quando os manifestantes tentavam apagar o caixão que se encontrava a arder junto à estátua de Almeida Garrett, na Praça General Humberto Delgado.
Em circunstâncias em que nem agentes da PSP ouvidos pela Lusa conseguem clarificar, num momento em que a polícia se aproximou dos manifestantes, estes começaram a arremessar garrafas e pedras contra os agentes e contra uma carrinha policial que se encontrava do lado direito do edifício da Câmara do Porto (no sentido descendente da avenida dos Aliados), verificou a Lusa no local.
De acordo com a polícia no local, até cerca das 18:00 não tinha sido feitas detenções, mas foi necessário um reforço de policiamento na Avenida dos Aliados, tendo sido chamadas mais quatro equipas de intervenção policial, cada uma com cerca de cinco elementos.
Os ânimos acabaram por se acalmar, ainda antes da chegada do reforço policial.
"Costa: faz outra proposta", "Estão a matar quem não tem covid" e "Nove meses para nascer, nove meses para morrer" são alguns dos cartazes hasteados nas escadarias da Câmara Municipal do Porto e que mostram o descontentamento do setor.
Munidos de frigideiras, colheres de pau, panelas e outros utensílios, os empresários consideram as medidas de apoio anunciadas pelo Governo "insuficientes".
Recorde-se que o Movimento 'A Pão e Água' marcou para hoje um protesto junto à Câmara do Porto para que a autarquia lhes devolva "os 30 milhões de euros" arrecadados com a taxa turística, distribuindo-os pelos setores da restauração, comércio e hotelaria, em forma de apoio pelas perdas económicas destes setores durante a pandemia. Também em Lisboa, há um protesto agendado para este sábado, dia 14 de novembro.
O país está em estado de emergência desde 9 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 114 concelhos, número que passa a 191 a partir de segunda-feira.
Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23h e as 5h, enquanto nos fins de semana a circulação está limitada entre as 13h de sábado e as 5h de domingo e entre as 13h de domingo e as 5h de segunda-feira.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.294.539 mortos em mais de 52,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.250 pessoas dos 204.664 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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