"Não conseguimos aceitar novas medidas [restritivas] porque percebemos que foi feito um esforço enorme por parte das nossas populações e houve uma retração muito grande da nossa economia", afirmou Nuno Fonseca.
Em declarações à Lusa, o autarca defendeu que as medidas que o Governo se prepara para tomar "vêm mais uma vez fustigar" o concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, e outros da zona do Tâmega e Sousa.
Nuno Fonseca alertou que os números de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 reportados pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e pela Direção-Geral de Saúde (DGS) "não batem certo" e que "com dados destes nenhum governante, seja autarca ou do Governo central, pode decidir com confiança".
"Os números apresentados não batem certo uns com os outros. Na penúltima semana [primeira semana de novembro], os dados da ARS-N reportam 1.150 casos em Felgueiras, enquanto que o boletim da DGS atira para os 1.700 casos", disse, acrescentando que se as novas medidas tiverem por base, por exemplo, os 1.500 casos, "Felgueiras será outra vez penalizado quando existe um desfasamento de dados".
"Aquilo que alertamos é para ter cuidado naquilo que tem a ver com a nova decisão de medidas a implementar castradoras para a nossa economia, que têm sido muitas, e que ponderassem bem, sobretudo quando estamos a decidir com base nos números das autoridades de saúde", referiu o autarca.
Os autarcas de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras enviaram na quarta-feira uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, para manifestar a sua "total discordância" na aprovação e implementação de medidas "ainda mais cerceadoras dos direitos e liberdades" e "castradoras" da atividade económica naqueles concelhos.
Felgueiras, a par de Lousada e Paços de Ferreira, foram os primeiros concelhos do país a ficar semiconfinados na segunda vaga da pandemia.
Nestes municípios do distrito do Porto, o Governo decretou, a partir de 23 de outubro, o dever de permanência no domicílio, a proibição de quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar), bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00, com algumas exceções.
À Lusa, Nuno Fonseca disse que, caso o Governo não tenha em consideração o apelo dos autarcas, o município, em função das medidas anunciadas, vai "assegurar que a população seja ouvida".
"O município estará ao lado da população para fazer chegar ao Governo aquilo que são as nossas reivindicações", afirmou, acrescentando que Felgueiras é um concelho que "muito contribui para o Produto Interno Bruto (PIB) e que nunca parou de trabalhar".
Uma nota divulgada hoje pelo gabinete do primeiro-ministro dá conta de que o Governo anuncia no sábado as medidas que vai adotar no âmbito de uma eventual prorrogação do estado de emergência, que depende da autorização do parlamento.
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos, foi implementado o recolher obrigatório entre as 23h00 e as 05h00, e a partir das 13h00 aos fins de semana.
Em Portugal, morreram 3.632 pessoas dos 236.015 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.