"Faz-me confusão que as pessoas mais idosas não possam ser vacinadas"

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) assumiu hoje que lhe causa confusão e estranheza que os mais idosos não possam ser vacinados contra a covid-19, aguardando conhecer os critérios da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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Lusa
27/11/2020 13:48 ‧ 27/11/2020 por Lusa

País

Covid-19

 

"Faz-me alguma confusão que as pessoas mais idosas não possam ser vacinadas", afirmou Miguel Guimarães durante uma conferência 'online' (Webinar) sobre "Os Caminhos da Ética em Tempo de Pandemia", promovida pela Universidade Portucalense.

Segundo uma proposta de especialistas da DGS, reproduzida hoje nos jornais, as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, os funcionários e utentes de lares de idosos e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados deverão ser os primeiros a ser vacinados contra a covid-19.

Assumindo não ter lido as notícias veiculadas acerca do assunto, o bastonário da OM advertiu que a questão da vacinação "tem de ser vista com muito cuidado", pois tem havido anúncios de várias vacinas contra a covid-19, com diferentes eficácias, mas "nunca" se ouviu falar das contraindicações nem dos efeitos colaterais.

"E isto é muito importante. Temos de perceber qual é a evidência que a nossa diretora-geral da Saúde tem para dizer, à partida, que pessoas a partir de uma determinada idade não devem ser vacinadas: se é para as proteger ou para as expor", declarou Miguel Guimarães.

Contudo, numa primeira análise, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou "estranho" que pessoas "mais frágeis, menos resistentes e que sofrem mais com a infeção não estejam a ser protegidas", remetendo para mais tarde uma "resposta mais concisa" sobre o assunto.

Em reação às notícias hoje veiculadas, o coordenador da 'task force' criada pelo Governo para definir todo o plano de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, explicou hoje à Lusa que a proposta apresentada pela DGS "não tem qualquer limite de idade para as pessoas internadas em lares".

Os residentes em lares, de qualquer idade, os funcionários destas instituições, os profissionais de saúde, das forças de segurança e os idosos com comorbilidades severas são os grupos prioritários propostos pela DGS para a vacina contra a covid-19, declarou Francisco Ramos.

Já hoje, o primeiro-ministro rejeitou a possibilidade de todos os maiores de 75 anos sem doenças graves não terem acesso prioritário às vacinas contra a covid-19, alegando que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".

"Não é admissível desistir de proteger a vida em função da idade. As vidas não têm prazo de validade", declarou António Costa à agência Lusa, depois de questionado sobre a possibilidade, noticiada hoje por alguns órgãos de comunicação social, de todos os maiores de 75 anos sem comorbilidades ficarem de fora do acesso prioritário à vacina contra o novo coronavírus.

António Costa acrescenta que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".

O Governo criou uma 'task-force' para coordenar todo o plano de vacinação contra a covid-19, desde a estratégia de vacinação à operação logística de armazenamento, distribuição e administração das vacinas, tem um mês para definir todo o processo.

Um despacho publicado na quarta-feira em Diário da República, assinado pelos ministros da Defesa Nacional, Administração Interna e Saúde, esta task-force tem um mandato de seis meses, renovável em função do progresso da operacionalização da vacinação contra a covid-19.

A 'task-force' tem um núcleo de coordenação, liderado pelo ex-secretário de Estado Francisco Ramos e que inclui elementos da Direção-Geral da Saúde, Infarmed e dos ministérios da Defesa Nacional e da Administração Interna e conta com o apoio técnicos de diversas estruturas.

O Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P. (INÇA), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e o Serviço de Utilização Comum

 

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