"É uma cerimónia fechada, estarão presentes apenas as entidades convidadas e os bombeiros da Ajuda", avançou à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários da Ajuda, Fernando Azevedo, adiantado que foi endereçado um convite ao Presidente da República, o qual ainda não obteve resposta.
Com 140 anos de história, os Bombeiros Voluntários da Ajuda querem prestar homenagem a todas as vítimas da covid-19 e "mostrar a gratidão a todos os bombeiros que estão diariamente na linha da frente" de combate à pandemia, porque "são eles que, em grande parte, também são esquecidos, mas que fazem parte desse sistema desde o primeiro minuto".
"Não é nenhuma festa, é uma cerimónia religiosa", reforçou Fernando Azevedo, adiantando que vai decorrer na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, com a presença de "um número reduzido de pessoas".
Assumindo a responsabilidade de dar o "pontapé de saída" na resposta à pandemia em Lisboa, os Bombeiros Voluntários da Ajuda foram "a primeira corporação de bombeiros da cidade a ter transporte dedicado de covid", indicou o comandante.
Ao longo dos últimos meses, a resposta à covid-19 passou a ser assegurada por todas as corporações de bombeiros de Lisboa, referiu o responsável dos Bombeiros Voluntários da Ajuda, destacando a criação de "uma sinergia única", em articulação com o gabinete da Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa.
Os Bombeiros Voluntários da Ajuda dispõem de 35 operacionais dedicados à resposta ao novo coronavírus, dos quais 13 estão no dispositivo que alberga pessoas infetadas na Pousada da Juventude e os restantes asseguram o transporte diário de todos os casos de infeção da covid-19, chegando a transportar "uma média entre a 200 a 300 doentes covid por mês".
Garantindo o cumprimento de todas as medidas sanitárias para evitar o contágio, o corpo de bombeiros da Ajuda registou um total de cinco operacionais infetados desde o início da pandemia e até ao momento, revelou Fernando Azevedo, adiantando que hoje há apenas um bombeiro infetado e que se encontra em isolamento.
Sobre o apoio às corporações, o comandante dos Bombeiros Voluntários da Ajuda enalteceu o "grande esforço" das Câmaras Municipais para dar a ajuda necessária, "mas às vezes isso só não chega".
"É necessário, realmente, o poder central fazer algo [...]. É preciso que a tutela olhe com olhos de ver e que perceba as grandes necessidades que existem, porque tenho a noção que, se houver corpos de bombeiros a fechar ou a deixar de haver, efetivamente, capacidade de resposta para o socorro, a população poderá estar em risco", alertou o responsável, lembrando que os bombeiros, apesar de muitas das vezes ficarem esquecidos, "tutelam cerca de 80% do socorro em Portugal".
No âmbito da pandemia, a base de sustento dos corpos de bombeiros do país, que é o transporte de doentes não urgentes, sofreu um decréscimo, o que resulta num "estrangulamento financeiro para as associações humanitárias", indicou Fernando Azevedo, acrescentando que esse aperto financeiro também se fez sentir nos Bombeiros Voluntários da Ajuda, ainda que tenha sido assegurado apoio camarário.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 4.724 pessoas dos 307.618 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.