"Incidência aproxima-se de valores controláveis, mas ainda preocupantes"

Taxa de incidência de Covid-19 em Portugal, a 14 dias, é agora de 529,3 novos casos por 100 mil habitantes, revelou a ministra da Saúde na conferência desta sexta-feira.

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Melissa Lopes
11/12/2020 14:29 ‧ 11/12/2020 por Melissa Lopes

País

Pandemia

A ministra da Saúde fez esta sexta-feira uma atualização da informação relativa à Covid-19 no país, numa altura em que se aproxima o início da vacinação em Portugal, que deverá ocorrer no dia 5 de janeiro. Esta sexta-feira, de acordo com o boletim da Direção-Geral de Saúde (DGS), o país registou 95 mortes - novo máximo - e mais 5.080 infetados, o que representa um aumento face ao dia anterior. 

Comentando os dados do boletim desta sexta-feira, Marta Temido afirmou que já  a taxa de incidência de Covid-19 a 14 dias por 100 mil habitantes se situa agora em 529,3 novos casos.

"Uma taxa de incidência que está a aproximar-se de valores mais controláveis, mas que são, ainda assim, bastante preocupantes", sublinhou.

"Uma preocupação que acontece sobretudo nalguns concelhos do país, designadamente em municípios da Administração Regional de Saúde do Norte", acrescentou, notando que a taxa de incidência nesta região, a 14 dias, de 802 casos por 100 mil habitantes". Marta Temido comparou este valor com a taxa de 202 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias na região do Algarve, para enfatizar as "assimetrias do país". 

A governante deu conta que o risco de transmissão (RT) se situa agora em 0,97, ligeiramente abaixo de 1, "um valor que precisamos fazer ainda descer e, sobretudo, de manter de uma forma sustentada". 

Pico da segunda fase da pandemia terá ocorrido na semana de 20 de novembro

Adicionalmente, Marta Temido disse que se é certo que o pico da pandemia na primeira onda terá sido no dia 23 março, "estima-se agora que o pico de incidência nesta segunda fase possa ter sido na semana de 20 de novembro". "Estamos ainda a assistir àquilo que é a dilação conhecida entre o número máximo de infeções, o número máximo de utilização da capacidade instalada nas unidades hospitalares e o máximo de óbitos", frisou. 

Sequelas "não atingem só os mais velhos"

A ministra quis salientar as sequelas tardias da infeção pelo novo coronavírus são algo que "vale a pena sublinhar", assinalando que estas "não atingem só os mais velhos". "São ainda um tema em avaliação e estudo e temos que ter presente quando procuramos controlar a infeção", disse. 

Referindo-se à quadra festiva que se avizinha, o Natal e Passagem de Ano, Marta Temido afirmou que os desafios próximos se prendem com "a organização das nossas vidas quotidianas num período em que todos gostaríamos de viver com relativa normalidade", mas lembrou que "não podemos prescindir do cumprimento das regras necessárias".

Outro dos desafios próximos, sublinhou, relaciona-se com a administração das vacinas contra a Covid-19, "um trabalho que continua a ser garantido e acompanhado em termos daquilo que são as avaliações ainda em curso pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) e quanto à vacinação no Serviço Nacional de Saúde".

"O vírus é invisível, mas está lá e não nos podemos esquecer disso"

Aqui, a ministra voltou a lembrar que, até que tenhamos as vacinas, e mesmo depois de termos as vacinas no nosso país, "enquanto não atingirmos a imunidade, precisamos de continuar a responder em termos de testes e de rastreio e em termos de cumprimento das decisões das autoridades de saúde, mas precisamos também da colaboração de todos", apelando a que não esqueçamos as regras básicas de distanciamento físico, a boa utilização da máscara, a boa higiene das mãos, etiqueta respiratória, o arejamento de espaços e a menor frequência possível de espaços frequentados por muitas pessoas ao mesmo tempo".

"O vírus é invisível, mas está lá e não nos podemos esquecer disso porque de facto podemos assim evitar sofrimento e consequências indesejáveis", insistiu. 

"Primeiro desafio, numa primeira fase, vai ser gerir alguma escassez" de vacinas

Respondendo às questões dos jornalistas, Marta Temido disse que ainda não é possível saber ao certo o número de doses de vacinas que vão chegar ao país para a primeira fase de vacinação porque os números ainda não estão fechados.

"Aquilo que antecipamos neste momento é que o primeiro desafio, numa primeira fase, vai ser gerir alguma escassez, porque sabemos, desde há longos meses, que mesmo que tivéssemos uma vacina disponível, ela seria sempre, num primeiro momento, escassa", disse a ministra, acrescentando que "temos de ser pacientes".

Marta Temido acrescentou ainda que "não nos interessa apenas  ser os primeiros a ter a vacina, interessa-nos ter vacinas de qualidade, seguras e efectivas"

Sobre as reações adversas à vacina que se verificaram em algumas pessoas com alergias, no Reino Unido, a ministra afirmou ser algo que o país "acompanha com muita prudência", reconhecendo que "são aspetos que poderão verificar-se", pelo que é importante que sejam tratados com "transparência" e acompanhados clinicamente no sentido de prevenir repetições. "E Portugal está a fazê-lo também", assegurou. 

Governo considera reforçar profissionais e recorrer a voluntários

Sobre um eventual reforço de profissionais nos centros de saúde, Marta Temido adiantou que a estimativa do Governo "passa pela utilização da rede de centros de saúde para a primeira fase da vacinação", período que será marcado por "alguma escassez de vacinas". 

"Sabemos que, se tudo correr como planeado e bem, seguir-se-á um momento em que teremos uma muito maior quantidade de doses e que aí o desafio será o da celeridade da administração e de uma vacinação mais massiva", considerando o país recorrer a outros pontos de vacinação, designadamente pontos de vacinação comunitária. 

"Aquilo que estamos a fazer é a articulação de meios humanos e eventualmente a considerar o reforço, não só por profissionais próprios, como profissionais de outros setores e até voluntários", adiantou a ministra. 

Eleições Presidenciais

Questionada sobre os procedimentos relacionados com as Eleições Presidenciais, agendadas para 24 de janeiro, Marta Temido afirmou que os mesmos têm estado a ser debatidos por um grupo de trabalho constituído por representantes do gabinete do Secretário de Estado e Ajunto da Saúde, do secretário de Estado e Adjunto da Administração Interna e da secretária geral do Ministério da Administração Interna para além do envolvimento da DGS.

"Continuamos a trabalhar no sentido de serem asseguradas as condições" para quem se encontrar em regime de confinamento obrigatório no dia do sufrágio possam exercer esse direito. "É um trabalho técnico que ainda em curso", realçou a governante. 

Houve quatro momentos em que a mortalidade foi superior ao esperado

Em relação à mortalidade e letalidade, a ministra reafirmou que só depois de codificadas as causas de óbito e que só depois de encerrado o ano de 2020 podemos fazer uma "análise mais fina e detalhada".

"Sabemos que há quatro períodos em que o comportamento da mortalidade observada é superior àquilo que era a mortalidade esperada: O primeiro momento prende-se com o pico da Covid-19, há dois momentos que se prendem com os fenómenos de temperaturas extremas e estamos agora a viver um quarto momento de excesso de mortalidade por todas as causas".

Mas, garantiu, "todas as instituições do Ministério da Saúde acompanham há muitos anos estes fenómenos e têm interesse em esclarecê-los, analisá-los e em procurar os seus fundamentos de forma a evitar circunstâncias que são controláveis voltem a repetir-se".

Marta Temido esclareceu ainda que o SNS e todas as instituições do sistema de saúde português têm implementado todos os procedimentos para que seja seguro utilizá-las e cada vez mais confortável usá-las" nestas circunstâncias.  Neste sentido, Marta Temido deixou um "apelo de mobilização do SNS, com as regras que temos todos de respeitar, mas com confiança, mas sobretudo de encorajamento". 

Recorde aqui a conferência de imprensa:

 

O país entrou esta quarta-feira num novo período de Estado de Emergência, que vai vigorar até 23 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.

A seguir a este Estado de Emergência, seguir-se-á outro que durará até ao dia 7 de janeiro, tendo ainda que ser debatido e votado na Assembleia da República. 

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