"Neste momento, para já, temos de congratular o Governo pelas medidas que foram tomadas", afirmou o porta-voz do movimento "Sobreviver a pão e água", José Gouveia, em declarações aos jornalistas após uma segunda reunião com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), em que o autarca tem servido de interlocutor entre os empresários e o Governo.
A reunião com o autarca de Lisboa demorou cerca de duas horas, mas não houve declarações de Fernando Medina sobre o novo encontro com o movimento "Sobreviver a pão e água".
A primeira reunião com o autarca de Lisboa ocorreu em 03 de dezembro, em que ficou logo agendado um segundo encontro, e permitiu que os empresários do movimento que se encontravam em greve de fome há uma semana, em frente à Assembleia da República, terminassem essa ação de luta.
"Tudo isso foi um sucesso", avançou José Gouveia, referindo que as medidas de apoio às empresas, apresentadas na quinta-feira pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, representam "um respirar de alívio", ressalvando que "agora é preciso também que o dinheiro comece a chegar às empresas".
Em relação às empresas de diversão noturna, como bares e discotecas, os estabelecimentos estão encerrados desde março deste ano "sem nenhum apoio", destacou José Gouveia, que é também presidente da Associação de Discotecas Nacional (ADN).
"Receberam uma boa notícia, ontem [quinta-feira] não abriram 'champagne' porque não havia dinheiro para ele, porque de resto ficaram contentes com aquilo que ouviram, mas é o início, porque temos uma retoma toda para programar, uma estratégia toda para programar, e essa tem de ser feita junto do Governo e junto das autarquias", apontou o presidente da ADN.
Sobre se há data prevista para a reabertura dos estabelecimentos de diversão noturna, José Gouveia frisou que é preciso "ser realista", pelo que se prevê que "a partir do segundo semestre, com o plano de vacinação a funcionar, com tudo a correr bem, entre maio e junho já podem ter as discotecas abertas".
Uma das reivindicações durante a greve de fome do movimento "Sobreviver a pão e água" era conseguir uma reunião com o ministro da Economia, exigência que foi apenas atendida pelo secretário de Estado do Comércio, João Torres, que teve uma reunião na quarta-feira com José Gouveia, da qual "saíram ideias que foram aplicadas nas novas medidas, com os devidos ajustes".
"Queremos sempre mais do que o Governo pode dar, mas isso é uma ambição que vamos sempre ter, porque é importante que estas empresas se encontrem bem de saúde para que daqui a seis meses possam aceder à retoma", declarou o porta-voz do movimento "Sobreviver a pão e água".
Na reunião com o autarca de Lisboa esteve ainda o 'chef' e empresário da restauração Ljubomir Stanisic, que reforçou que a luta nunca pretendeu ter uma resposta do município da capital, mas encontrar apoio "para o país inteiro."
"A nossa luta, a nossa declaração, as nossas negociações passam pelo país inteiro, porque a nossa necessidade maior, que volto a repetir, tenho pão quente em casa, tenho cama quente em casa, há muitas pessoas no país que não têm, é por elas que estamos aqui, por isso isto é para o país inteiro", disse Ljubomir Stanisic.
Relativamente aos pontos de discussão com o presidente da Câmara de Lisboa, o empresário da restauração indicou a reposição de apoios, a reposição dos horários das empresas, "porque se os restaurantes fechas às 13:00 não conseguem trabalhar ao almoço", a taxa dos próprios apoios, em que se paga 20% sobre o que é apoiado, e os prolongamentos do apoio às rendas.
"Temos de trabalhar um pouco mais, ter um horário mais aberto para conseguirmos abranger todos, os funcionários, as rendas, as dívidas, os impostos do Estado e tudo o que é necessário pagar, por isso rapidamente temos de rever os horários de todas as empresas do setor", sustentou o 'chef'.
"Para todas as cidades do país, rapidamente ser renegociada a percentagem de empresas distribuídas que são internacionais, que nos cobram 25% ou 38% nas distribuições, o que nunca foram os nossos lucros", propôs Ljubomir Stanisic, considerando que o Estado deve assumir um papel extremamente importante relativamente a esta situação, "porque são empresas que estão a lucrar à custa da desgraça dos outros".
Satisfeito com as recentes medidas de apoio às empresas, que classificou como "extremamente positivas", o 'chef' e empresário da restauração fez ainda uma referência à autorização da "bazuca" da União Europeia, por ser "um grande alívio" para que o Estado português possa concretizar as medidas de resposta à crise económica provocada pela pandemia da covid-19.
Neste âmbito, o porta-voz do movimento "Sobreviver a pão e água" criticou a postura da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), por assumir que as recentes medidas de apoio do Governo foram estipuladas através do trabalho da associação e "anular todo o trabalho que as outras associações fizeram".