Os dois idosos, dois homens utentes do Lar de S. Francisco, morreram no hospital de Beja, onde estavam internados, disse à agência Lusa o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), António Sargento.
Segundo o provedor, foi feito um novo teste e confirmada a infeção em mais um utente do lar, que tinha tido resultado inconclusivo numa testagem anterior, o que fez subir de 88 para 89 o total de infeções, nomeadamente 75 utentes - seis dos quais morreram - e 14 funcionários.
Atualmente, há 69 utentes infetados com o vírus que provoca a doença covid-19, sendo que seis estão internados no hospital de Beja e os restantes no lar e a maioria sem sintomas, precisou.
Os utentes do lar não infetados estão na Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP), situada no Pavilhão Municipal dos Desportos Carlos Pinhão, em Serpa, distrito de Beja, acrescentou António Sargento.
O primeiro caso de infeção confirmado no Lar de S. Francisco, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Serpa, foi o de um funcionário, que, após começar a ter sintomas, fez um teste de despiste do vírus da covid-19, cujo resultado positivo foi conhecido no passado dia 24 de novembro.
Em comunicado enviado hoje à Lusa, a Câmara de Serpa refere que está "estabilizada" a situação de surto no lar, a qual acompanha "desde o primeiro momento", através da Comissão Municipal de Proteção Civil, composta por elementos do município, da autoridade de saúde pública, da Segurança Social, da GNR e dos bombeiros.
Após definido pela autoridade de saúde pública, a autarquia criou a ZCAP para acolher utentes do lar, a qual foi "montada em menos de 24 horas, com recurso a uma empresa externa", e inclui vários módulos individuais com capacidade para 22 pessoas.
A ZCAP, cujo funcionamento tem um custo mensal de cerca de sete mil euros, "suportado pela autarquia", está equipada com várias camas cedidas pelo hospital de Beja e pela Segurança Social e 10 camas articuladas e elétricas alugadas pelo município e destinadas a pessoas com mobilidade reduzida.
A autarquia indica que também assegura o transporte de alimentação e de roupas da ZCAP para a SCMS e disponibilizou quatro casas na cidade de Serpa para alojar trabalhadores do lar não infetados, mas que optaram por não regressar a casa, e outros da brigada da Cruz Vermelha Portuguesa acionada pela Segurança Social e de uma empresa contratada para apoiar a instituição.
A Câmara de Serpa frisa que "tudo tem feito para apoiar" o lar, os utentes e trabalhadores e os respetivos familiares, que "se viram a braços com um problema complexo".
"Este trabalho conjunto das várias entidades", coordenado pela autoridade de saúde pública, "está a contribuir para a melhoria da situação", mas "demorará o seu tempo para que tudo volte à normalidade", refere o município, que endereça as condolências às famílias das vítimas mortais e "deseja as rápidas melhoras" a todos os infetados no surto no Lar de São Francisco.
O concelho de Serpa faz parte da lista de 78 concelhos com risco muito elevado de transmissão do vírus que provoca a doença covid-19, a qual foi aprovada pelo Governo no sábado e está em vigor desde quarta-feira e até dia 23 de dezembro.
O mais recente boletim da situação epidemiológica no concelho de Serpa, publicado hoje na página do município na rede social Facebook, regista 277 pessoas infetadas pelo vírus da covid-19 desde o início da pandemia, das quais 141 estão com infeções ativas, 129 já recuperaram e sete morreram.