José Luís Brito recusa o título de herói nacional e frisa que voltaria a fazer tudo de novo "para salvar uma vida". O cabo-verdiano passeava na zona do Terreiro do Paço, este sábado, quando se apercebeu de um homem a afogar-se no rio. Sem demoras e sem hesitar, José despiu-se e atirou-se para o Tejo.
A vítima, de 68 anos, encontrava-se já em paragem cardiorrespiratória. José começou a fazer as manobras de reanimação e dez minutos depois chegou o INEM, a polícia e os bombeiros. O homem foi transportado para o hospital, onde ao fim da tarde de sábado ainda estava internado, sem correr perigo de vida.
"Voltaria a fazer tudo de novo para salvar uma vida. Uma vida é sempre uma vida, não tem preço", disse José em declarações à SIC.
O seu ato heróico, registado em vídeo, não passou despercebido ao Presidente da República que tratou de telefonar ao cabo-verdiano. "Não queria acreditar, fiquei muito feliz e agradecido", contou.
José Luís Brito, pescador em Cabo Verde e agora cozinheiro, veio para Portugal há 16 anos para fazer um transplante de medula óssea. Também ele foi salvo. "Hoje estou vivo graças à medicina portuguesa e de Cabo Verde também", disse.
O pequeno Brian, filho de José, estava com o pai quando tudo aconteceu. "Fiquei muito orgulho. Até fiquei animado. (...) É o melhor pai do mundo", afirmou.
Este domingo, o Presidente da República enalteceu o "exemplo de solidariedade humana e de coragem" do cabo-verdiano "Ao tomar conhecimento do salvamento da pessoa que caiu esta manhã nas águas do Tejo, junto ao Cais das Colunas, o Presidente da República enalteceu o bom exemplo de solidariedade humana e de coragem demonstrado por José Brito, que enquanto passeava com o seu filho salvou uma vida humana", refere a nota publicada no site da Presidência.
Na nota do Presidente lê-se ainda que a ação do homem que se atirou ao rio numa ação de socorro "certamente marcará os que assistiram, no local, ao salvamento, como todos os que dele tiveram conhecimento".
"O exemplo de José Brito deve ser distinguido pela coragem e pela vontade de ajudar o próximo", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.