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Ministra recusa prazo para imunidade para evitar "mensagens incorretas"

A ministra da Saúde, Marta Temido, recusou hoje estabelecer um prazo a obtenção de imunidade de grupo da população portuguesa contra a covid-19, ao considerar que poderia enviar "mensagens incorretas" no combate à pandemia.

Ministra recusa prazo para imunidade para evitar "mensagens incorretas"
Notícias ao Minuto

18:00 - 18/12/20 por Lusa

País Covid-19

"Se algum membro do Ministério da Saúde disser que é garantido que a vamos atingir em maio, junho ou julho não é com base em factos porque não temos informações para isso. Temos de ser muito sérios. Não quero passar mensagens incorretas", afirmou Marta Temido durante uma audição conjunta da comissão da Saúde com a Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social.

A ministra afirmou que a exigência vai manter-se nos próximos meses e que "a esperança da vacina tem de ser acompanhada da manutenção de medidas cautelares", reiterando a decisão de iniciar a vacinação nos centros de saúde porque "vacinar é um ato de saúde e tem de ser pelos profissionais que têm formação".

Marta Temido abriu a porta à vacinação em espaços das autarquias numa fase mais avançada do processo, quando a operação de inoculação da população portuguesa contra a covid-19 já se encontrar "numa realidade mais lata e ampla".

Questionada ainda sobre a circulação de dados clínicos dos utentes entre os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a ministra assegurou que "toda a regulamentação" a nível de proteção de dados será "respeitada" e que estão a ser utilizados "vários sistemas que existem no Serviço Nacional de Saúde para poder fazer a identificação das pessoas que vão ser vacinadas" nos centros de saúde.

Os utentes que integrem os grupos prioritários para a primeira fase de vacinação contra a Covid-19 e não forem chamados devem contactar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), esclareceu também a ministra da Saúde.

"O sistema vai contactar as pessoas que, pela condição de idade e comorbilidades, sejam elegíveis para a vacinação. Sabemos que não vamos conseguir alcançar todos. Quem não for contactado, poderá contactar o SNS, essa é sempre uma possibilidade", adiantou a ministra que, confrontada pela deputada Ana Rita Bessa, do CDS, admitiu também já ter tido "dificuldades" no contacto com o centro de saúde.

"Como utente, tive essa experiência, mas estamos a melhorar. Estamos a investir na melhoria das centrais telefónicas e dos centros de contacto", reiterou.

Prevista entrega de 1,2 milhões de doses de vacinas no 1.º trimestre

Segundo Marta Temido, Portugal espera receber cerca de 1,2 milhões de doses da vacina da Pfizer-BioNTech contra a covid-19 entre este mês e o primeiro trimestre de 2021.

"Desconhecemos ainda com certeza se acontecerão num único momento ou em várias semanas destes meses. São 312.975 (doses) no acumulado de dezembro e janeiro, 429 mil doses em fevereiro e 487.500 em março, ou seja, um total de 1,2 milhões de doses, se se confirmarem as entregas da Pfizer ao longo do primeiro trimestre. Mas insisto que depende da produção e distribuição de entidades terceiras e temos de acompanhar", frisou.

Marta Temido assumiu ainda "grandes expectativas no processo das vacinas da Moderna e da AstraZeneca", embora tenha reconhecido que estão numa etapa mais atrasada de lançamento no mercado.

Quanto ao arranque da vacinação, a governante reiterou que a chegada das primeiras doses "está prevista para 26 de dezembro e o que o país está preparado para começar a vacinar no dia 27", lembrando que as datas acompanham os outros estados-membros da União Europeia e que a decisão de lançar a vacinação contra a covid-19 entre os dias 27 e 29 representa um "sinal importante de capacidade dos vários países de trabalharem em conjunto".

Estima-se que até abril sejam vacinadas 950 mil pessoas em Portugal. Segundo o calendário provisório de entrega de vacinas da Pfizer, em dezembro serão entregues 9.750 doses, em janeiro 303.225, em fevereiro 429.000 e em março 487.500.

Em Portugal, morreram 5.977 pessoas nos 366.952 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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