Gravidade da nova estirpe de coronavírus ainda tem de ser avaliada

A nova variante do coronavírus que provoca a doença a covid-19, detetada em Inglaterra, tem gerado preocupação na comunidade científica, embora sem provas de que seja mais letal ou tenha impacto na eficácia das vacinas.

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Lusa
20/12/2020 23:58 ‧ 20/12/2020 por Lusa

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Covid-19

 

Novas variantes já foram observadas desde que o novo coronavírus SARS-CoV-2 foi detetado pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, mas a estirpe mais recente levou este domingo vários países europeus a suspenderem voos e transportes marítimos oriundos do Reino Unido.

O Governo português também restringiu a entrada no país de passageiros de voos provenientes do Reino Unido a cidadãos nacionais ou legalmente residentes em Portugal, anunciaram este domingo os ministérios da Administração Interna e da Saúde.

Os Estados-membros da União Europeia (UE) vão reunir-se de emergência na segunda-feira para discutir a nova variante do SARS-Cov-2, visando coordenar as respostas comunitárias, anunciou este domingo o porta-voz da presidência alemã da UE, Sebastian Fischer.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.685.785 mortos resultantes de mais de 76,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

Como surgiu a nova variante do coronavírus?

Durante o seu processo evolutivo, os vírus costumam adquirir pequenas alterações no código genético. Uma estirpe levemente modificada pode tornar-se mais comum num país ou região apenas por se ter instalado ali primeiro.

Eventos propícios à propagação do vírus em larga escala também ajudam a multiplicar a nova estirpe, assente em quase duas dúzias de mutações da proteína da espícula, que o vírus usa para se ligar e infetar as células humanas.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) disse que, de modo geral, "os vírus mudam constantemente por meio de mutações e o surgimento de uma nova variante é uma ocorrência esperada e não é motivo de preocupação por si só".

No Reino Unido, as autoridades notificaram a Organização Mundial da Saúde sobre uma nova estirpe em circulação desde setembro, que poderia estar associada à aceleração do número de infeções em Londres e em vários condados das regiões sudeste e leste.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou no sábado um novo confinamento em Londres, no sudeste da Inglaterra e em parte do leste do país, limitando a circulação de mais de 20 milhões de pessoas durante as festividades do Natal.

 

Que outras novas variantes do coronavírus foram identificadas?

Em abril, investigadores na Suécia encontraram um vírus com duas alterações genéticas, que pareciam torná-lo cerca de duas vezes mais infeccioso, tendo sido identificados à volta de seis mil casos de infeção pelo mundo, sobretudo na Dinamarca e na Inglaterra.

Diversas variações dessa estirpe surgiram nas últimas semanas, com a Dinamarca a relatar contaminações em quintas de criação de visons e uma equipa de investigadores sul-africanos a detetar uma nova variante com incidência em pacientes mais jovens.

De acordo com a informação científica disponível, que ainda é insuficiente para aferir o impacto na mortalidade por covid-19, especialistas em saúde têm concordado sobre um maior grau de infecciosidade da estirpe de coronavírus observada no Reino Unido face a outras.

"A maioria das mutações não aumenta o risco para o ser humano. No entanto, algumas mutações ou combinações de mutações podem fornecer ao vírus uma vantagem seletiva, como o aumento da transmissibilidade ou como uma maior capacidade de evadir à resposta imune do hospedeiro", referiu a DGS, na resposta enviada à agência Lusa.

 

A nova estirpe pode reinfetar pessoas ou diminuir a eficácia das vacinas?

A generalidade dos investigadores considera existir uma baixa possibilidade de que novas variantes sejam resistentes às vacinas, lembrando que estas produzem respostas direcionadas para todo o sistema imunitário e para a própria proteína da espícula.

Alguns países já começaram a administrar às populações doses das vacinas desenvolvidas pelas empresas norte-americanas Moderna e Pfizer, ambas suscetíveis de sofrer futuros ajustes, conforme evoluam as mutações do coronavírus.

"As vacinas demonstraram ser capazes de induzir a produção de anticorpos protetores nos seres humanos contra várias regiões da espícula do vírus, pelo que, com base na opinião dos peritos do Reino Unido, não existem dados que sugiram a perda de eficácia das vacinas nesta nova variante", esclareceu à Lusa a Direção-Geral da Saúde.

 

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