Graça Freitas começou por adiantar, na primeira conferência do ano, que a incidência da Covid-19 em Portugal é de 542 casos por 100 mil habitantes e é, agora, "mais homogénea entre concelhos e entre regiões, sendo mais elevada no Alentejo que conta com 666 casos por 100 mil habitantes".
No período de 14 a 27 de dezembro, disse a diretora-geral, 37 concelhos com 542 mil habitantes estavam na categoria máxima de incidência cumulativa, ou seja, acima dos 960 casos por 100 mil habitantes. No mesmo período, com a incidência entre 480 e 960 casos por 100 ml habitantes, estavam 112 concelhos. Nestes concelhos "reside uma população de 5 milhões e 200 mil pessoas".
Para termos uma noção da epidemia, neste momento, "digo-vos que estão em isolamento profilático ou em isolamento por doença mais 170 mil pessoas", que são acompanhadas pelo Serviço Nacional de Saúde.
32 mil doses da vacina já foram administradas
A diretora-geral deixou ainda notas sobre a vacinação, processo que começou no dia 27 de dezembro no âmbito do movimento europeu. "Foram utilizadas no total 32 mil doses", afirmou, alertando, contudo, que isso não significa que há "32 mil pessoas corretamente vacinadas". "Como sabem, cada pessoa deve receber uma segunda dose, estas 32 mil doses carecem ainda de outras 32 mil para completar o esquema vacinal", disse.
Esta segunda-feira, dia 4, iniciou-se a vacinação nos lares de idosos. "Essa vacinação seguiu um critério, temos de arranjar prioridades porque as vacinas vão chegando semanalmente por tranches", disse, lembrando que o critério usado foi precisamente o dos concelhos com maior incidência.
"São 11 concelhos na região Norte, cinco na região Centro, um em Lisboa e Vale do Tejo e oito na região do Alentejo", recordou Graça Freitas, sinalizando que vão ser vacinados idosos de cerca de 150 instituições. Outro critério que está a ser usado, sublinhou, é o da idade e que são também, consequentemente, as que têm mais patologias. "As pessoas mais idosas são uma das prioridades do Ministério da Saúde", assegurou.
"Continuamos a recomendar fortemente" a vacinação
Recapitulando os objetivos da vacinação contra a Covid-19: "Evitar doença e sofrimento, evitar a pressão sobre os serviços de saúde para que possamos continuar a atender todas as pessoas com todos os cuidados que necessitam, controlar surtos". "Se controlarmos a doença, diminuímos o seu impacto social e económico, e esses também são objetivos importantes", acrescentou.
"Continuamos a recomendar fortemente que as pessoas que tenham indicação para o fazer que utilizem as vacinas", disse Graça Freitas, lembrando novamente que "vacinar não significa abandonar critérios de proteção. Mesmo em relação às pessoas vacinadas, nem todas vão ficar imunizadas. As vacinas não são 100% eficazes e nós ainda não temos imunidade de grupo", alertou a responsável. Todas as medidas de proteção "não podem ser abandonadas enquanto não passarem meses e meses e não houver imunidade de grupo".
Conselho pós festas: "Estejam muito atentos aos sintomas"
Graça Freitas deixou, por fim, um conselho a todas as pessoas, sobretudo as que "mais circularam" no período do Natal: "Estejam muito atentos ao aparecimento de sinais e sintomas. As pessoas que estiveram em contacto com outras, que não da sua bolha habitual, vigiem a febre, o cansaço, dores musculares, a tosse, a falta de ar". Se os tiverem, "contactem a Saúde 24 para fazerem um teste, e contactem as pessoas com quem estiveram", aconselhou a diretora-geral de saúde.
Questionada sobre a mortalidade, que está elevada (90 óbitos registados hoje), Graça Freitas explicou que esta não acompanha, em simultâneo, o aparecimento ou as flutuações do número de casos. Primeiro aumentam os casos, depois os internamentos , por fim, isso reflete-se na mortalidade.
Sobre um novo pico da pandemia, a diretora-geral voltou a dizer que "só sabemos que estamos num pico quando estamos a descer". "Portanto, enquanto não iniciarmos movimentos de descida, é difícil saber se estivemos no pico", disse. Seja como for, "muito mais importante é o número de casos que temos semanalmente e sobre os quais temos de lidar em termos de cuidados".
Sobre a funcionára do IPO que morreu (depois de ter sido vacinada contra a Covid-19), Graça Freitas disse que o caso está a ser investigado. "Há fenómenos que podem estar temporalmente relacionados. Não quer dizer que um seja decorrente do outro, temos que aguardar serenamente a investigação desta morte para sabermos o que se passou".
Aumento de casos é "preocupação acrescida", mas SNS será capaz
Questionada sobre o impacto que o alívio das medidas no Natal podem ter nos serviços de saúde, Graça Freitas mostrou-se confiante na capacidade de adaptação do SNS.
"O SNS já tem dado provas de grande capacidade de adaptação e de fazer transferência entre serviços, suspender algumas atividades temporariamente, (...) creio que, mesmo que os números aumentem - e parece que sim, há uma tendência aparente - o SNS ainda terá capacidade de se adaptar, reorganizando a sua oferta de cuidados". O aumento do número de infeções "é uma preocupação acrescida", mas "o SNS está a preparar-se de certeza para isso", afirmou ainda.
Sobre a taxa de ocupação dos hospitais, "de grosso modo, estará entre os 70% e os 90%", e "com grande capacidade de os serviços se readaptarem".
Há 417 surtos ativos em Portugal
Portugal tem, neste momento, 417 surtos de Covid-19 ativos. 55 são na região Norte, 25 no Centro, 284 Lisboa e Vale do Tejo, 29 no Alentejo e 24 no Algarve. São surtos sobretudo identificados em Estruturas Residenciais para Idosos, menos em escolas (as escolas têm sido bastante poupadas a surtos grandes, e alguns em instituições de saúde.
Recorde aqui a conferência da DGS:
Dado que não existem dados científicos, da parte dos epidemiologistas, que se reúnem ciclicamente com os políticos na sede do Infarmed, em Lisboa, e esse encontro só pode acontecer em 12 de janeiro, Marcelo optou por apenas renovar o estado de excepção por oito dias, uma opção apoiada pelo PS e pelo PSD.
O debate e votação da renovação do estado de emergência está previsto para quarta-feira, na Assembleia da República,
Durante a atual pandemia de covid-19, o estado de emergência foi decretado para permitir medidas para conter a propagação desta doença e vigorou por 45 dias, de 19 de março a 02 de maio, com duas renovações sucessivas.
Nesta segunda vaga da pandemia de covid-19, o estado de emergência foi decretado em 09 de novembro e vigora atualmente até 07 de janeiro, com recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.
Com aprovação garantida pelos dois maiores partidos, PSD e PS, esta será a oitava vez que é decretado o estado de emergência desde março.
Em 17 de dezembro, a Assembleia da República renovou, com os votos favoráveis de PS, PSD e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues, o estado de emergência para permitir medidas de contenção da covid-19. Votaram contra PCP, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e a deputada Joacine Katar Moreira. Abstiveram-se Bloco de Esquerda, PAN e CDS-PP.
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