Dezembro foi "tempestade perfeita" para aumento de casos na Régua

O presidente da Câmara da Régua disse hoje que dezembro criou a "tempestade perfeita" para o aumento exponencial de infetados no concelho e lamentou que a Saúde Pública continue a "reagir muito tarde" aos casos positivos.

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© Shutter Stock | Barry Paterson

Lusa
07/01/2021 14:54 ‧ 07/01/2021 por Lusa

País

Covid-19

"O mês de dezembro, conciliando que nós, nos dois fins de semana alargados, estivemos com a atividade comercial praticamente em pleno e depois veio o Natal e a passagem de ano, temos aqui a tempestade perfeita para o aumento exponencial de casos que temos tido", afirmou José Manuel Gonçalves.

Segundo dados divulgados pelo município, na quarta-feira havia no concelho 197 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19, sendo que 51 deles foram detetados nas 24 horas anteriores.

Com estes valores o concelho entra para o grupo de municípios de risco extremamente elevado.

"Há aqui uma questão de fundo que continua a não estar resolvida que tem a ver com a capacidade da Saúde Pública de reagir aos casos positivos", referiu o autarca daquele concelho do distrito de Vila Real.

José Manuel Gonçalves criticou "a demora", após a deteção do caso positivo, para ser feito o rastreio dos contactos de risco e a realização de testes e considerou que, enquanto isso acontecer, "não há forma de conter as cadeias de contaminação".

"Relativamente aos 51 casos que saíram ontem (quarta-feira), obrigatoriamente que hoje todos eles tinham de estar contactados e identificados todos os seus contactos e os seus contactos tinham de estar a ser testados sexta-feira, mas na prática isto vai acontecer daqui a sete ou oito dias. Estamos sempre a reagir, a reagir, e não conseguimos prevenir", apontou.

José Manuel Gonçalves falou "numa bola de neve" e defendeu a aplicação de "uma norma padrão" para o contacto imediato das pessoas que possam ser consideradas contactos de risco.

"Tenho uma situação prática aqui que um caso originou na família cerca de 20. E temos muitos casos assim", exemplificou.

O autarca lembrou ainda que os municípios disponibilizaram técnicos para apoiar o 'call center' do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Douro Norte, que entrou em funcionamento em dezembro, com o objetivo de agilizar o contacto telefónico com utentes positivos e suspeitos e proceder à vigilância ativa de casos de infeção pelo novo coronavírus.

No entanto, segundo José Manuel Gonçalves, o "único trabalho" que esses técnicos estão a ter "é o de acompanhar os casos negativos".

"Havia de haver aqui uma integração desses técnicos para terem um trabalho de intervenção junto aos casos positivos e eles só estão a acompanhar os casos negativos. É muito pouco para aquilo que nós precisamos. Continuamos a ter a Saúde Pública a reagir muito tarde aos casos positivos", salientou.

O município suspendeu a realização da feira semanal, encerrou as piscinas municipais e, segundo o presidente, está "muito atento aquilo que vai acontecer nos próximos dias nas escolas".

"Vamos ver, vamos até ao limite para evitar que elas possam encerrar, mas isso é uma situação que vai ter que estar em cima da mesa", acrescentou.

O distrito de Vila Real tinha na quarta-feira cerca de 1.667 casos ativos.

Portugal contabiliza pelo menos 7.377 mortos associados à covid-19 em 446.606 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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