Contactado pela agência Lusa, o responsável do distrito de Évora, Manuel Galante, sugeriu mesmo "um novo modelo de financiamento das instituições" por parte da Segurança Social, advertindo que há instituições que, "se conseguirem chegar ao fim de tudo isto, vão estar em sérias dificuldades".
"Apesar de o Estado e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social fazerem um esforço extraordinário para nos ajudar através das medidas dos acordos de cooperação, não é suficiente para aquilo que as instituições precisam", justificou.
Por sua vez, também o responsável de Beja, Francisco Ganhão, frisou que "algumas instituições podem estar em risco", embora ainda nenhuma daquele distrito lhe tenha comunicado um eventual fecho.
Além disso, a Segurança Social tem "muitas vezes uma posição mais reativa do que proativa", ou seja, "só quando os danos estão feitos é que começam a pôr equipas no terreno".
"Sugerem-nos que tenhamos uma equipa contratada em casa, mas onde é que existem acordos para o suportar? E o que é que nos garante que a equipa que estiver em casa, quando vier para o terreno, não está infetada", questionou Francisco Ganhão.
Por isso, Manuel Galante sugere uma "diferenciação positiva" para os apoios da Segurança Social às instituições do interior, zona onde as reformas são, na generalidade, muito baixas.
É que uma parte do que as instituições cobram pelo seu serviço é "uma percentagem desse valor", referiu o também provedor da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, pelo que se verifica uma "redução de receitas significativa" face a outras zonas do país.
Além disso, os custos operacionais são cada vez maiores, mesmo sem contar com as despesas extras em equipamentos de proteção individual (EPI).
"Há 10 anos, recebíamos do Estado cerca de 50% do nosso custo das respostas sociais. Agora fazemos as contas e, mesmo com todo este esforço que houve da parte do ministério, estamos a receber à volta de 35% do que é o nosso custo real. E não estou a implicar as despesas extra com EPI, estou só a falar do funcionamento normal das instituições", apontou Galante.
Por esse motivo, a situação financeira das misericórdias é cada vez mais complicada, até porque "muitas já não podem recorrer à banca, porque já o fizeram", e também "não têm património", apesar de "algumas pessoas" pensarem que são ricas.
"É verdade que faz alguma diferença em relação a algumas pequenas instituições de solidariedade que conheço, estimo e admiro como conseguem fazer o trabalho extraordinário que fazem, mas não é verdade que as misericórdias sejam ricas. Já há algumas em dificuldades para cumprir com os fornecedores, para não deixarem de pagar ao pessoal", concluiu Manuel Galante.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.