"Pode ser necessário ir mais longe no fechamento de atividades que ainda ficaram abertas, como sinal à sociedade", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas no Hospital de Santa Maria, adiantando que, "se for preciso reponderar medidas, o Governo naturalmente terá o apoio do Presidente da República".
O chefe de Estado e candidato presidencial, que falava após uma reunião com a administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, alertou que a situação das estruturas de saúde "é muito crítica" e apelou uma vez mais aos portugueses para que levem a sério o confinamento que está em vigor desde sexta-feira.
Questionado sobre a sua responsabilidade na gestão política da resposta à covid-19 em Portugal, referiu: "Eu decretei o estado de emergência, e acho que foi decisivo em março. Voltei a decretar em novembro, e acho que foi decisivo. Tenho vindo a renovar".
"Portanto, como é evidente, assumi a máxima responsabilidade pela gestão da pandemia e, naturalmente, estou sujeito ao escrutínio dos portugueses daqui a oito dias", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo nas eleições do próximo domingo com o apoio de PSD e CDS-PP.
Marcelo Rebelo de Sousa marcou esta visita ao Hospital de Santa Maria como candidato, mas acabou a falar como Presidente da República, juntando o seu apelo ao da ministra da Saúde, Marta Temido, para que os portugueses fiquem em casa, a "confinar a sério".
"Estou a falar como Presidente excessivamente no período de campanha eleitoral, mas não posso esquecer que sou Presidente da República", justificou.
O chefe de Estado e candidato presidencial mostrou quadros comparativos dos números de casos de infeção com o novo coronavírus, de doentes com covid-19 internados e de internamentos em cuidados intensivos em março e abril do ano passado e atuais: "É olhar para as barras e ver, de facto, a diferença brutal".
"O Santa Maria, por exemplo, portanto, o Centro Hospitalar Lisboa Norte, que é o último reduto, sem as ampliações que vai haver, tem neste momento doze vagas, onze de internamento, uma de cuidados intensivos", assinalou.
No seu entender, contudo, enquanto no anterior confinamento geral "as pessoas perceberam" e "as ruas ficaram vazias", agora "há portugueses que pelos vistos entendem, utilizando as várias exceções, que o fecho é relativo".
"Há um problema de os portugueses olharem para a situação e tenderem a facilitar", reforçou, sem excluir que possa haver também falhas na "comunicação da gravidade da situação".
Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que, se continuar a haver cerca de 10 mil novos casos diários, "centenas de novos internamentos a pressionarem as estruturas de saúde" e que é preciso evitar "situações de stresse, de pré-rutura ou de rutura pontual e depois multiplicada nas estruturas de saúde".
O que dizem os profissionais de saúde é que "parece que há dois países", um em que estão "a salvar vidas e a tratar doentes", em "cada vez piores condições clínicas", e outro do "país lá fora", relatou.
Quanto a um possível agravamento de medidas, repetiu várias vezes que "a ponderação deve ser feita semana a semana" e mas acentuou que isso "depende muito dos portugueses".
Marcelo Rebelo de Sousa apontou os números da próxima semana como "determinantes para se ver se é ou não é de dar sinais políticos ainda mais fortes para os portugueses perceberem a situação".
"Se for necessário ir mais longe, eu acho que se deve ir mais longe. E é isso que deve ser ponderado por quem de direito. E aí, obviamente que a posição conjunta do senhor primeiro-ministro, Governo, Presidente da República, Assembleia da República é decisiva", acrescentou.
Em Portugal, já morreram 8.709 doentes com covid-19 e foram contabilizados até agora 532.416 casos de infeção com o novo coronavírus, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
[Notícia em atualizada às 20h47]
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