Arminda Barradas e António Ramires, funcionários da câmara municipal, equipados a rigor, com máscara, viseira, bata, luvas e gel desinfetante, transportaram a urna, com a inscrição "PR21", e os boletins de votos e dirigiram-se aos locais onde se encontravam os eleitores.
A primeira paragem foi no lar de Montoito da Fundação Obra de S. José Operário, onde duas idosas, dos 14 utentes da instituição, Maria, de 78 anos, e Josefa, de 83, puderam escolher quem querem ver no Palácio de Belém.
Em cadeiras de rodas, as duas utentes foram levadas pelo diretor técnico da instituição, uma de cada vez, para uma sala vazia e foi lá, sozinhas, que preencheram o respetivo voto, o qual foi depois colocado em dois envelopes e selado.
A seguir, os votos foram colocados pelas eleitoras na urna improvisada e, no final, Josefa afiançou à agência Lusa que "é importante" votar e lembrou que sempre votou quando vivia na povoação vizinha de Aldeias de Montoito.
Pedro Mira Ferreira, diretor técnico do lar, contou à Lusa que falou com os utentes sobre a possibilidade de votarem na instituição, devido à pandemia de covid-19, assinalando que alguns acompanham as notícias na televisão.
"Penso que foi uma tomada de decisão em consciência, porque são pessoas lúcidas", sublinhou.
Uma outra utente da instituição também manifestou o desejo de votar nas presidenciais deste ano, mas, por "dar erro" a sua inscrição na plataforma e falta de soluções, acabaram por desistir, relatou.
Também Ana Paula votou nas eleições presidenciais deste ano e nem a infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 a impediu de exercer esse direito.
Em casa, situada numa das principais ruas do centro da vila de Redondo, de pijama e roupão, Ana Paula votou entre a porta da rua e a escada para o primeiro andar e considerou "fácil" o sistema de voto antecipado em mobilidade.
Os dois funcionários do município com a tarefa de transportar a urna passaram também pela quinta de Luís, nas redondezas da vila alentejana, que, por breves instantes, deixou os trabalhos na propriedade para votar nas presidenciais.
Vestido com roupa de trabalho, Luís, que se encontra em isolamento profilático, garantiu que só não votou uma vez e observou que "é inédito" o voto à porta de casa.
Em Foros da Fonte Seca, nem a meia dúzia de quilómetros de distância de Redondo, Palmira, em isolamento profilático e a aguardar o resultado do teste, recolheu o boletim e votou junto à porta de sua casa.
"Mesmo que venha negativo" o resultado do teste ao vírus que provoca a covid-19, "já não é preciso ir para as filas" para votar, atirou.
O presidente da Câmara de Redondo, António Recto, afirmou que este sistema de voto foi "bastante divulgado", considerando que não houve mais solicitações para o voto antecipado em mobilidade por existir "algum desinteresse" dos eleitores.
Segundo o autarca, os votos recolhidos vão cumprir "quarentena" num espaço do município e no dia das eleições, no domingo, cada um "será distribuído nas secções de voto correspondentes".
Um total de 12.906 pessoas em confinamento devido à covid-19 e idosos em lares inscreveu-se para o voto antecipado nas presidenciais de domingo, segundo o Ministério da Administração Interna (MAI).
Durante o dia de hoje e na quarta-feira, equipas municipais, devidamente equipadas e com regras sanitárias estritas, estão a recolher os votos, porta a porta, a casa de quem está confinado e nos lares de idosos.
Portugal contabilizou hoje 218 mortes, um novo máximo de óbitos em 24 horas, relacionados com a covid-19, e 10.455 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico da DGS revela também que estão internadas 5.291 pessoas, mais 126 do que na segunda-feira, das quais 670 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais seis, dois valores que são novos máximos.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, Portugal já registou 9.246 mortes associadas à covid-19 e 566.958 infeções pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 135.841 casos, menos 45 do que na segunda-feira.
O boletim revela ainda que mais 10.282 pessoas foram dadas como recuperadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.