"Até agora há uma taxa de positividade a rondar os 5% [em Rabo de Peixe] e, em Ponta Garça, a rondar os 2%, a confirmar-se que tem de haver uma atenção mais particular em Rabo de Peixe do que em Ponta Garça. O Governo Regional vai reunir-se em Conselho de Governo esta tarde para anunciar novas medidas que decorrerão da análise que está a fazer-se ao momento", afirmou, em declarações aos jornalistas.
Clélio Meneses falava, em Angra do Heroísmo, à margem de uma visita ao laboratório do Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular (SEEBMO), que tem processado análises aos testes de despiste do SARS-CoV-2.
O executivo açoriano iniciou na terça-feira uma operação de testagem em massa na vila de Rabo de Peixe (Ribeira Grande) e na freguesia de Ponta Garça (Vila Franca do Campo), as duas localidades com mais casos de infeção pelo novo coronavírus na ilha de São Miguel, que estão sujeitas, desde sexta-feira a cercas sanitárias.
Segundo Clélio Meneses, os primeiros resultados dos testes rápidos realizados nestes duas localidades "confirmam a previsão" do Governo Regional.
"Percebeu-se que havia um problema nestas duas localidades, fomos ao local, houve a cerca sanitária, um conjunto de medidas de confinamento, de isolamento, de proibição de circulação e está-se a identificar os casos", salientou.
Questionado sobre o cumprimento das medidas restritivas em vigor, Clélio Meneses admitiu que "há situações desagradáveis de incumprimento", mas disse que no geral "há uma evolução positiva".
"Vamos identificar mais casos, porque fomos lá ao sítio à procura deles e, depois de encontrar esses casos, vai haver mais casos positivos. Estamos seguros que esta medida, juntamente com outras que serão anunciadas, estão a contribuir para conter a pandemia e que nos Açores estejamos claramente em melhor situação do que no resto do país, ou que até na Região Autónoma da Madeira, e que a situação está controlada", salientou.
Quanto à fiscalização das medidas, o secretário regional defendeu que "o atual quadro legal é suficiente para tomar as medidas de fiscalização adequadas", mas recordou que ao Governo Regional compete apenas "tomar as medidas políticas" para combater a pandemia.
"Existem dois níveis: um nível de aconselhamento, de acompanhamento, de orientação das pessoas e um nível de sanção, através do crime de desobediência para aqueles que incumprem. Isto está previsto e pode ser aplicado a qualquer altura. Existe ao nível das máscaras um regime de contraordenação de multa para quem não utiliza as máscaras devidamente, para pessoas singulares, entre 100 e 500 euros de multa", disse.
"O que é importante é que as medidas que o Governo toma tenham eficácia no terreno e depende de todos nós, da população, dos comportamentos, das fiscalizações", acrescentou.
O laboratório do Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira tem capacidade atualmente para analisar 1.000 amostras por dia.
"Durante cerca de dois meses foi o único laboratório na região que fazia a análise dos testes covid e tem tido um papel muito importante, de resto como toda a região e todos os profissionais de saúde aos mais variados níveis, desde os que estão nas colheitas até esta linha final da análise laboratorial", sublinhou Clélio Meneses.
O governante revelou que "está em cima da mesa" a possibilidade de construção de uma nova infraestrutura "que dê melhores condições para o excelente trabalho que tem sido desenvolvido" pelo SEEBMO.
Os Açores têm atualmente 765 casos ativos de covid-19, sendo 736 em São Miguel, 23 na Terceira, um no Faial, um no Pico e quatro nas Flores.
Foram detetados até hoje na região 3.157 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se 23 óbitos e 2.270 recuperações.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.465 pessoas dos 581.605 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.